Tentar apagar uma garatuja simplória em seu
conceito calado é difícil, não porque a borracha não deu conta do recado, mas
pelo fato mais ilusório de que o símbolo não quer ir para outro lugar. Ali,
naquele caderno deseja se assentar e, mesmo emudecido o traço afundado
necessita cumprir o seu destino com ardor, afinal, não é apenas um risco, é um
símbolo com uma importância universal, tendo o poder de esquentar as almas mais
sombrias.
A cápsula grafada neste papel significa a
alegoria do órgão vital que dá vida a todo ser humano, não fugindo do codinome
de ser o fiel depositário das mais variadas emoções, que perpassam nossa alma,
nosso cérebro em movimento e até o ar que respiramos. É nesta simples figura que guardamos nossas
emoções e estas, boas ou más vão deixando um séquito de nervuras indeléveis que
pautam nosso vai e vem, desde quando o sol surge na beira do mar até quando
resolve descansar na serra.
A fama da figura é de enlevo, poesia,
suspiros de amor com toda ode de poetas e afins centrados na missão de
condicionar todo sentimento ao bombeamento do referido. O cofre com tão
delicado desenho vai abarcando os sentimentos de alegria, amor, raiva, tristeza
e o que mais lhe aprouver reunindo deste modo conteúdo que possamos discernir o
que favorece o que acrescenta, o que redime, o que engrandece.
A tentativa de apagar o desenho borrado feito
em um impulso de amor, uma tentativa de lembrar a felicidade perdida, o
propósito de tentar desaparecer com algum sentimento refratário que insiste em
ali permanecer é absolutamente nula. O coração, por onde anda, deixa marcas.
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