Volta e meia aparece uma falta contumaz que
vai interferindo nos amanheceres da vida como se fosse uma interposição para
deixar o momento de agora com indagações sobre assuntos que com certeza se
esfarelaram no tempo, se redimiram do seu propósito e viraram nada, se
esconderam por vergonha de terem agido desta ou daquela maneira, perpassando
tantas situações que o enredo traz certa lassidão, de fato.
Porém, as marcas estão ali, indeléveis nas
nervuras incontestes do coração que reclama uma resposta sincera do amor que se
foi sem dizer adeus, do amigo que sumiu do mapa depois de tanto usufruir o seu prestigio,
conselho e companhia, do parente que
limou com capricho as barras familiares deixando de lado o protocolo mínimo de
convivência, daquela pessoa que ressurgiu nos braços da internet e assim como
veio foi, deixando um rastro meteórico que nunca mais irá se apagar, sem falar
na dúvida que surge sobre vida e morte, que de certo não avisa quando chega.
Talvez o imprevisível aconteça, mas, como saber?
A ausência se apresenta arguciosa, como um
perfume que paira no ar sem sabermos sua origem, que confunde a estirpe da
fragrância que pode se afundar em nossas lembranças sensoriais e deste jeito
bem lúdico apresentar um tabuleiro incrível de fatos passados. Chegam
disfarçados e, com frequência, vão modulando a percepção das lacunas no
interregno da vida tornando-se, sem querer, fato relevante. A importância dada
às faltas contumazes chega como prenúncio de vale de lágrimas que se habilitam
a purificar a alma por tudo e por nada.
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