O sol nem saiu para dar o ar da graça e a
maresia se adianta e vai fuçar narinas
dos saudáveis em ponto máximo, que despertam ao som do rugir do mar, da brisa
que pode ser implacável e do sol que vem aquecer o coração e o esqueleto. Vale
para todo mundo as dádivas da natureza que resolveram - conscientemente ou não
– seguir a trilha da saúde optando de bom grado a realizar com satisfação o
melhor para si.
Assim se cumpre todo o dia a rotina do Neri
Costa, 77 anos, que ao saltar da cama vislumbra com olhos brilhantes o que anda
aprontando a natureza marítima, como bom praieiro “da gema”. Não é
necessário muito foco no tempo para sair porta afora, porque se pensar muito já
atrapalha o motivo. A hora da largada é breve e o corpo para lá de acostumado
se entrega à corrida assim como o dia se entrega à noite.
O sol já vai alto e o mar já anda dando as
regras do dia o que só aumenta o entusiasmo de quem preza a natureza e o lugar
onde resolveu se aquerenciar. A mesa posta do café da manhã é frugal, como
convém aos atletas da vida.
A interação social acontece na segunda hora
do dia com a caminhada na beira da praia. Um alô aqui e outro ali, se abrindo
para as conversas de todos os tipos, cuidando para deixar os incômodos fora de
hora de lado. Não há mais tempo para assunto ruim, afinal o grande filtro – o
mar – acaba deletando dos olhos mais sagazes o que nefasto possa aparecer.
Ouvir até se ouve, mas gravar, com certeza não. Tudo que for de menos valia são
levados pela maré. Benção do praieiro Neri que guarda dentro do coração os
melhores sentimentos.
O sol já anda dando sinais de fraqueza
parecendo que o pisca-pisca entre nuvens anda avançando para seu final e,
aproveitando a réstia de luz que vai adentrando pela serra às janelas lado sul,
toca o sino do final do dia e inicia a o bate-pronto dos amigos de bocha. Vários
“rounds” depois o sono vem dar alô ao Neri que, graciosamente, cede aos seus
encantos. Até mais.
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