sábado, 7 de abril de 2018

O Farol e seus comparsas



Está fincado ali altaneiro, tendo já desde seu nascimento a solidão como cara metade, o vazio do mundo pela frente com a companhia do Faroleiro que lhe dá função, dos coadjuvantes do clima como o mar, o céu, as nuvens e o vento que, obviamente, manda em tudo. Ele sempre tem imponência e pode ser mais bonito que qualquer outro, dependendo do arquiteto que lhe deu a vida e a serventia. Ergue-se em lugares inóspitos porque a ele é dada a chave da segurança de quem anda por ai pelos mares embarcado em grandes ou pequenas embarcações e tem nele o sinal de estar próxima a terra, à salvação ou à perdição.

Ele é muito privilegiado porque possui personalidade própria tornando-o diferente entre outros, mesmo que todos tenham em comum o mesmo destino de solitário desterro. Possui uma estrutura que lhe possibilita a romântica vantagem de enxergar além da curvatura da terra, seus refletores alcançam grandes distâncias rompendo avidamente extensões para que se convertam, como mágica, nos avisos de luz e sonoros, cada um deles com um alfabeto diferente em ocasiões diversas.

Sua sina é prevenir, é demonstrar que existe salvação se alguém estiver no alto mar e em apuros, que pode com maestria rodear o obstáculo ou em largas braçadas alcançar a margem, se assim estiver escrito no seu destino marítimo. Talvez aconteça de aportar em terras desconhecidas, pode ser que de perdido encontre-se achado, quem sabe andava o marujo por ai desacorçoado e com tanta luz a se refletir no mar resolveu aportar. Mas sua missão divina segue sempre sendo avisar, soletrando em muda rotação a linguagem da luz e a escuridão através de espelhos, refletores e lentes. Ronca forte se desce do céu aquela densa e assustadora névoa escondendo dos mais promissores desbravadores o encontro com a terra firme.

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns Verá....

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