Este lugar abençoado é assim: depois da
euforia do verão o lugar se acalma e dá lugar a uma quietude que lhe é peculiar,
mas que também atende o estado de espírito de todos os cristãos que se recolhem
instintivamente preparando-se para a passagem da Páscoa quando se comemora a
Ressureição de Cristo. A natureza por si mesma vai dando a letra que é melhor
baixar os olhos para dentro de si buscando a prece para acompanhar os eventos
que se iniciam com a Quaresma.
Já não se fala muito alto nem se houve ruídos
de tantas festas, o mar se acomoda também e os ventos vão parando de soprar, o
sol se enfraquece e tudo inicia com a palavra “menos” na ponta da língua. Conversas
são sussurradas, o apetite já dá mostras de estar em certa crise assim como
todo o alimento com pinta de excesso cai fora da mesa. Um jejum leve já faz
parte desta rotina de devotos que agradecem todos os dias o belo lugar de viver
e fazer orações.
O silêncio, que por aqui é imperativo, de
certa maneira induz os crentes a um apaziguamento nos ânimos provavelmente para
sentir o que a história de Cristo tem para transmitir. Mesmo que a celebração
se repita anualmente, nem sempre nossos corações estão disponíveis e receptivos
à palavra de Deus.
Do nada, como se fosse um milagre, a natureza faz um acordo com a fé e todos sentem
de maneira subliminar o que significa ser incompreendido, traído, professar opinião
e ser rebatido injustamente, caminhar entre ódios, cercar-se de falsidade,
andar com rumo certo mas ser desviado do mesmo por ingratidão, por inveja, por
ciúme ou por muitos outros sentimentos indignos.
Está no ar um interregno divino que analisa
opiniões contrárias, seja de que origem for, porque a Fé reina absoluta por qual Deus for professada e assim é bom
lembrar que opiniões de qualquer calibre somente enriquece o debate para que
deste jeito todos possam ter em seu coração a glória da Ressurreição que lhe
cabe.
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