Havia um enleio naquele lugar, porém não dava
para mensurar se era bom ou se era ruim percebendo-se apenas que o movimento de
vozes e de transito de tudo e mais um pouco superava o desejado. Assim a mente
fica indisponível para pensamentos mais elevados, para uma conversa com os
botões, para um ensimesmamento que tornasse peculiar o verdadeiro modo de
existir. Um estilo que me pareceu apartado da natureza de ser, da celebração de
todos os milagres da vida e da natureza que acontece sempre bem juntinho e que
no mais das vezes passam celerados e esquecidos pela grande maioria incauta
focada no transitório.
Melhor ficar longe quando se avizinha um
perigo, diz a lenda, só que neste momento particular a ameaça e a probabilidade
de embarcar na canoa furada do maria-vai-com-as-outras era real, por isso melhor
recuar, olhar para trás, contar o tempo que não parece combinar com as
expectativas internas e os sonhos desenhados com tanto apuro e critério. É
perceptível que este jeito embrulhado não dará permissão para se chegar a bons
termos de negociação com o fundo da nossa alma. Este sim, um lugar apartado do
mundo e que carece de atenção. Singular atenção, eu diria.
A solidão surge em frente como opção
derradeira que protagoniza uma sedução intensa e ofuscante que pode também
levar a estranhos caminhos se não for bem percebida e analisada. São muitas as
portas que nos levam de volta a nós mesmos, algumas bem aferroadas, outras
translúcidas, outras ainda atuando como portais de inúmeras opções de viver que
corajosamente demonstra em grande angular, toda a carga desvalida da
inutilidade de se viver embarcado no caos.
A dita-cuja é tão poderosa que nunca pergunta
se é bem vinda, chega arrebentando vidas e rotinas e somente para alguns ela já
vem sendo uma companhia que pode lançar ferros e monopolizar a atenção porque
ali vai encontrar um solo fértil para que os vínculos de si com o mundo se
tornem o que tem ser: saudáveis, abertos e amorosos. E assim foi que em
inúmeros corações a conexão social se estabeleceu saudável a partir de uma
solidão em perspectiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário