Está mais difícil escolher o personagem que
vai encarar dias em que a ordem modifica-se, em que existe um decreto confesso
para sorrir mesmo sem achar graça, em que a indumentária trai o vestir-se, que
pareça fazer parte do todo, que o canto saia do tom fingindo que manda um
recado, que os grupos se proliferem e que todo mundo necessite ser outro de
qualquer maneira.
Ao invés de olhar para a festa seria de bom
tom que se tivesse apenas um único olhar para dentro de si com o intuito de descobrir
onde estão os personagens que se tornam reis por tão poucos dias. Quem sabe com
uma vista bem enviesada encontremos nos recônditos da nossa alma as figuras
emblemáticas que lideram a vida de tantos em tão pouco tempo e com tanta
intensidade. Quem sabe poderemos descobrir perfis interessantes que no vai da
valsa do mundo moderno de certa forma desapareceram, ou se tornaram fingidos de
si mesmos.
As alegorias tradicionais desta festa podem
se revelar através do Rei Momo de cada um porque vivemos tempos tão difíceis
onde tudo se resolve no mais ou menos, a governabilidade da vida anda a beira
do caos e por este motivo temos que estar com o sorriso eterno nos lábios e atentos
aos movimentos incertos do entorno. Na mão, a chave dos dias. É por pouco.
Alguns poderão examinar o fundo deste baú e
encontrar aquele ímpeto da fanfarra e do cinismo que esta sempre à espreita e o
Arlequim de todos nós tomar corpo. As mulheres que tomem tento porque vai
passar o pólen da futilidade, da graça e da esperteza bem por perto e seria um
bom conselho não se deixar levar por aí portando a Colombina como preferência.
Os homens que ainda possuem uma réstia de dignidade e sentimentalismo deverá
dobrar o cuidado nas esquinas da folia para não deixar que tudo corra solto e
tornem-se um Pierrô abandonado. Melhor aprender a divertir-se com a imaginação
e pitadas da história que vai sempre além da brincadeira.
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