Essa daí me acompanha dentro da minha cabeça,
desde os quinze anos, porque mesmo que eu não me tenha utilizado de sua
serventia como hoje o faço, ela certamente surgiu em minha vida para que agora,
no ir dos anos, se defronte a mim com certa nostalgia, mas muito mais como um
desafio, tenho certeza. Não tem a menor importância que esta máquina da foto
seja apenas uma ilustração saudosa, anterior a mim, que possua um design requintado,
uma erudição que faz baixar a cabeça, que o seu som reverbere como musica amada
e antiga, que demonstre sua linguagem cadenciada que fatalmente obedece aos
trancos do coração e alimente as melhores fantasias em paredes mais antigas e
talvez ancestrais.
Pasmem, com ela se escrevia e se imprimia ao
mesmo tempo, um perigo para quem tem a cabeça cheia de caraminholas e urge
coloca-las no ar. Um mínimo pensamento e lá estão elas materializadas como se as
ideias estivessem predestinadas a se tornar realidade desde o seu berço. Não há
deletar no seu menu principal e penso que,
antigamente, servia para pensar melhor antes de cravar uma frase, olhar para o
horizonte, inspirar qualquer ar, relutar frente alguma preciosidade e então medir
o que o nosso pensamento estaria a abordar, o que de tão urgente fazem os dedos
martelarem em teclas perfeitas.
Parecia, naqueles tempos, que o desperdício
de papel iria denunciar nossa incompetência, nossa incapacidade de conjugar
todos os verbos com perfeição, que seria impossível lacrar os sentimentos mais
ditosos que pudéssemos ter e mais do que tudo, dar vida ao que nos vai por
dentro. Escuro ou claro.
As máquinas evoluíram de tal forma que
escrever, corrigir, mudar de ideia, apagar, ir e voltar se tornou de tal forma
banal e efêmero que modernas telas recebem qualquer bobagem, qualquer mal
escrito, qualquer infâmia, qualquer opinião sem que os autores tenham um mínimo
de visão critica de si e do entorno.
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