É sempre o inesperado que vem me sacudir, se
meter onde não é chamado, levantando as hipóteses enterradas a meio pau, eu
sei, mas que de certo as coloquei ali para que aliviassem a minha cabeça
barulhenta por natureza e, que de tanto conversar de si para si, esgotou-se.
Mas o dia não deu trégua e entrou de sola para me alertar que eu escondi muito
mal as expectativas e ao invés de tomarem um chá de sumiço assomaram à minha
porta com audácia.
Todas elas se apresentaram como relevantes e,
talvez o fossem, se não estivesse gravado em algum lugar que eram fruto de um
desejo, da imaginação, de faltas que certas coisas nos fazem sem que saibamos
exatamente o que representam, pois como sombras, se aligeiram e se oferecem.
A intimidade com tantos sentimentos
controversos alardeou que este rol de insensatez premia por uma degola
definitiva o que não tem sentido guardar embaixo de poucos grãos de areia de
praia o que poderia ter acontecido e de
fato não houve. Torna-se então o mistério o formato perfeito para vivermos a
ilusão do que não foi proposto, do que se passou em raspão pela vida, se incendiou
tal fogo de palha, como se tivesse pressa de ir embora, ou, como se de repente
se arrependesse de ter cogitado as hipóteses imaginadas.
Olhei com mais vagar e descobri que as
ilusões se apresentavam como se fosse um jogo de cartas marcadas e assim tomou
lugar na fila aquele olhar comprido que parecia esquadrinhar a alma pedindo
ardorosamente para ficar no entorno, um sorriso falso que iluminou apenas por
um segundo o recinto, o passeio que serviu apenas para chumbar os passos, o alô
fora de hora, o pedido de desculpas que não veio, a prosa prometida que
emudeceu a fala por falta de afinidade, a espera inútil, o arrevesado da proposta.
Foi assim, como se corresse para o abraço no vazio.
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