terça-feira, 11 de julho de 2017

Enredada - fábulas


Fui andando por ali imaginando que talvez fosse interessante ir de ponto a ponto, porém, percebi que não seria possível, uma vez que este viés que se apresentou a mim sem que eu desejasse, se arrodeava de tantas voltas e atalhos que difícil seguir em frente, de cabeça erguida e sem olhar para os lados. Prestar atenção na caminhada era o que se propunha este mapa. Um mapa frágil, aliás, que não faz muito sentido porque todos os mapas se dão o desfrute de serem heroicos, certeiros e prestativos para quem está perdido, principalmente. Mas não esse, bordado com uma tênue linha de seda fabricada pelos interiores do pessoal de tantas patas e muito laborioso.

Apurei a percepção que ora se demonstrava ilusória e assim eu fui tateando naquelas tantas dobras, tantos pedaços interceptados, tantos desvios repentinos, tantas caminhadas alongadas e sem propósito aparentemente, que me deixaram apreensiva de seguir em frente, mais não fosse por me dar certo cansaço.

A fadiga que me assoma de repente vem a calhar com estes rumos desvairados, apontando para tantos lados e com tanto risco de me grudar em um destes fios como se um inseto fosse, como se de uma hora para outra me tornasse alimento, como se assim, do nada, resolvessem acabar com a minha raça neste enredo inusitado aonde me joguei cegamente. Como percebi que este curioso ardil tinha em si vários objetivos, resolvi pensar para qual destino eu iria me atirar.

Então, subitamente entendi que, havia aos meus pés uma teia perfeitamente engendrada para eu pudesse optar pelos três caminhos que ela me apontava e se oferecia sedutoramente, sendo um deles uma casa bem confortável onde poderia me ater e criar assim o meu próprio mundo onde avistaria o universo como um todo, onde talvez estas cordas elásticas me levassem e me trouxessem de volta alguns sonhos e assim eu pudesse partilhar esta vida que ora se impõe. Sem pensar escolhi o encadeamento que me trouxesse tudo o que eu sempre tive em mim e assim, passar tudo a limpo.

Nenhum comentário:

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...