Não tem vez que eu não o encontre, seja
resfolegando em sua corrida matinal, ou dando uma batida na beira da praia para
pegar um sol, ou com uma sacola de compras da ferragem para fazer, ele mesmo,
seus consertos em casa. Sempre sorridente, com um bigode já branco, das antigas,
que lhe dá uma feição nem tão bonita, mas quando penso no seu perfil acabo
achando que está superadequado, afinal, barbeado e com aquele “mustache”
milimetricamente aparado fica irresistível, uma vez que ele carrega em si toda
sua história, seus hábitos e, muito importante, a vida de agora, escolhida a
dedo e em todos os dias de sua existência limando para que tudo ande nos trilhos.
Seu estilo é de fazer inveja, porque com seu
corpo magro e atlético nos altos de sua vivência é para concluir que sua opção
sempre é por caprichosos sapatos de couro preto, cintilantes de graxa “nugget”
que brilha em todas as escalas das esquinas por onde passa, conjugando muito
bem com o restante do figurino, meio cidade, meio praia, tipo assim. Ao
observar a imagem escuto em alto e bom som o seu verdadeiro e sonoro não
para roupagens que possam em algum momento, denunciar ao mundo uma desistência,
uma preguiça de seguir em frente, um desabono frente ao dia a dia.
Vejo, de cara, a tendência de com este
formato contratado por iniciativa própria, arder uma chama com cores tão
diferentes e estas vão compactuando com ele em suas decisões mais básicas, se
não, vejamos: ter um tempo inteiro para si, ter uma noite que se for má, lhe dá
créditos para se recuperar sem horários a lhe restringir, uma vaga imensa nas
conversas sem sentido, toda a permissão para se arrepender do que for, do agora
ou do que já se foi, viver o perdão a toda hora como se pão quente fosse, rir
pelo simples motivo de achar graça da vida.
Tem em si, esta figura, um resumo de uma em
tantas vidas e todas elas se encadeiam e denunciam que aonde ele vá, todas as
suas escolhas andam junto, ou no seu entorno. Assim é quando enverga roupas com
certo rigor sem deixar aqui e ali um toque de descanso, de já chega, de estou
pronto. Da mesma forma conserva nos olhos a altivez e a curiosidade de menino e
aquele opaco, que às vezes transparece, é para demonstrar que pressente o
arrevesado em relação a tudo que viu nesta vida, e no passo a passo, vai
acenando para todas como se sempre estivesse se despedindo.
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