terça-feira, 13 de junho de 2017

Laços


Fazia já um tempinho que a maratona do desfaz tinha chegado ao término, porém, sempre parecia haver algum fio enleado, não se sabendo bem onde iniciava e muito menos onde terminava ou se havia alguma pretensão de se enroscar novamente. A espreita dos mesmos se faz com certa aura de mistério e sobriedade porque não é muito bom se arvorar de tanto riso quando não se tem certeza que as cangas foram desfeitas e remanejadas para outra conveniência.

Os atadouros desejáveis tiveram de ser descarnados do seu propósito de nascença para poder então receber outra roupagem, mais ajustada aos novos conformes, que atendesse aos anseios que não encontraram voz anteriormente e que, quase sempre, por não estarem de acordo, acabavam displicentes e apáticos no fundo de alguma gaveta. Eles poderiam estar por ali em forma de retratos, de pétalas secas, de folhas de livros amareladas pelo tempo e arrancadas da brochura desviando assim todo o assunto e deixando bem confuso o enredo. Tudo o que era desejável estava imerso em uma aura de descaso, num passadouro volante com seu clamor silenciado.

Neste intermédio foram se achegando alguns cordéis que apesar de não serem ambicionados se punham por ali querendo impor um ou mais fatos, mas logo perderam força por não terem em seu destino o motivo certo para se firmar. Na contrapartida do desnecessário, múltiplos jugos se misturavam aos anteriores deixando assim a rotina agitada por conta do súbito que adere a tudo o que anda solto, parecendo tudo reunir, mas não há muito que se ter a certeza, justo por pertencerem ao caí aqui por acaso.

O mistério continua a desafiar quem quer ver os enredos desfeitos, as histórias recontadas e a parafernália dos anseios saírem daquele lugar a que foram relegados sem nem ao menos terem sido envelopados com alguma insígnia honrosa. A realidade se descortina mostrando com clareza os laços que se deseja, os laços repentinos, os laços que não se concluem, os laços indesejados e os laços negados. 

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