segunda-feira, 12 de junho de 2017

Dia dos namorados


Sou namoradeira e estou sempre enganchada no amor pendendo muito a humores do dia uma vez que são muitas as nuances do meu afeto que perpassam rapidamente do claro para o escuro, do riso ao choro sempre muito bem acompanhado pela inconstância da vida. Esta, que todo dia vem contaminar a mistura que não pedi e às vezes nem desejei.  Sentimentos são implacáveis e certeiros para derrubar o combinado, enganar a esperança e derreter a boa vontade. Nesta barafunda, tenho alguns pretendentes.

O Céu com seu azul gritante eleva o espírito e sempre me faz pensar que é com ele que eu quero ficar, uma vez que me abraça com uma amplitude universal, abriga todas as minhas ansiedades sobre si e me possibilita exercitar um olhar perspicaz aos acontecimentos e nas feituras do destino o que torna o meu envolvimento com ele e a vida muito intenso.

O Sol é outro pretendente e devo confessar: com muitas chances de me conquistar uma vez que adoro deitar-me ao seu calor, aprecio demais que alumie meus passeios, que deite sua luz dentro de minha casa criando desenhos de sombra luz e calor que além de esquentar meu corpo deixa minha alma ardente. É com ele que lanço um olhar abusado ao abrir um livro, é ele que me incita a escrever no Diário os meus desejos inconfessáveis e, no final, sempre me atende quando lhe peço que enfraqueça sua intensidade luminosa para me acobertar na escrita que pede meia luz para que minha mente se engrandeça.

Mas O Vento vem com tudo, como lhe é peculiar, e balança meu coração por ele ser o meu contrário, por gostar de bagunçar o que já está proposto fazendo barulho infernal para quem aprecia o silêncio como eu. Talvez por isso ele me atraia muito e me leva a ouvir as grandes tempestades, as ondas da maré rugindo no fundo do meu coração sempre apertado e fustiga a natureza com intenção de me chamar a atenção e, deste modo, desarruma tudo o que está organizado e com destino certo. Voluntarioso, me deixa sempre na incerta.

Mas de todos quem ganhou meu coração foi O Amor, porque ele reúne e compartilha todas as sensações de tumulto e de calmaria, é ele que me faz abrir os olhos toda manhã e mesmo que eu esteja cega durante o dia ele vai me ajudando a enxergar o que não está à minha frente. Sem nenhum pudor ou culpa é com ele que me deito e levanto todo dia tendo sempre o cuidado de não o ferir, não o relevar, não o tratar mal e muito menos o ignorar.


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