Palavra sonora que tem uma aura maquiavélica
e talvez por parecer tão agressiva se dita em alta voz, não é gritada aos berros
nos quatro cantos do mundo, quando por qualquer motivo alguém se vê alvo da
mesma. Tem alma subversiva e por se tratar de uma atitude antiética adora
navegar em mares escuros tendo em sua mira aqueles que andam por perto, que
talvez, de jeito ingênuo confiem na humanidade ou dão a corda até que a
criatura se traia na abordagem ou na contação dos fatos que, para uns terão uma
versão e para outros, outra. Assim é o mentiroso.
A mentira é praticada com muita habituidade
no dia a dia. Ela se acomoda em todo lugar com muito ou pouca gente, com audiência
ou nenhuma e sua sobrevivência depende da hipocrisia de muitos que acham, por
bem, enganar pela palavra, talvez na tentativa de conquistar o outro propondo
deste jeito uma invenção, um modo atravessado na análise dos fatos.
Talvez exista uma teoria da mentira que tenha o
propósito de acomodar muitos assuntos que geram polêmica e assim desviar o foco
para outro lado, para fatos distorcidos ou para o embuste deslavado. É preciso ser convincente no engano e para que
o dito cujo obtenha sucesso, o gestual faz a diferença, como um olhar abismado
frente à indagação, e mais mil detalhes corporais que irão denunciar o golpe.
Ser alvo de um mentiroso não é ruim não, porque
a mentira tem esta vantagem: perna curta, como diz o dito popular, mas eu já
acho que a metáfora não procede. Penso que o incauto enganador acaba se atrapalhando
com sua versão do tema e ao proliferar no seu entorno suas ilações vai
esquecendo-se de como pontuou a sua hipócrita investida inicial.
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