Em um abrir e fechar de olhos todas as falas
se fizeram ouvir, e de tanto alarido a escuta restou impossível, mas para
ouvidos mais afinados com o que se conta, o que acontece e no que se acredita, a
proposta de entendimento se embaralhou de tal forma que não persiste nenhum
olho, língua e pensamento que se coordene por entre tantos. A fauna das ideias se instala semelhante a
uma floresta que diversa e abundante acolhe todos os seres, mesmo os de menor
douro e oriundos da selva que ora se emaranha com certezas, ora se desmantela
em dúvidas.
E é com um anúncio de assuntos que a
verborreia corre solta, batendo de boca em boca, azedando a saliva, testando a
paciência de uns e outros, cansando de modo interminável quem se achegou por
ali por desaviso ou com boa intenção, e, neste rosário de contas enlaçadas,
porém sem vínculo, as verdades vão se conjugando. Mas, o verbo idílico conjuga
verdades e mentiras com certa incapacidade de conter tudo o que aflora e assim
vai se formando uma reza pagã, rica em
metáforas, aforismos e absurdos que vão alimentando a falácia.
Um tom com certo jeito surdo vai abrangendo a
conversa de um modo bem peculiar como se fosse jogado magicamente um pó de
bruma seca empanando o que deveria ser às claras. Mas ali, já se viu que tudo
e, o que parece, não é.
Sempre acontece quando menos se espera,
quando a lorota é lançada e mil vozes a abraçam com ferrenha fé, o conluio
confere o selo da verdade absoluta e assim, nestes descaminhos vão se
desdobrando os rosários que agora um pouco desacorçoados vão separando conta
por conta, espalhando agora uma multiplicidade de finais de conversa.
E com certa timidez vai-se catando aquelas
pérolas que rolaram do cordão como sem proveito, assim como se na confusão ninguém
lhe houvesse prestado atenção, como se verdade não fosse, como se o provado não
houvesse, o verdadeiro não existisse, e as boas intenções soçobrassem em um
instante apenas. Tantos faunos na selva empedernida.
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