É certo que ele vai chegar porque o
calendário nunca falha, e seu cheiro está sendo percebido com antecedência e se
faz muito suave, o vento que o acompanha é fluído parecendo que descansa em
todos os galhos de árvores por onde passa balança com suavidade os arbustos, as
flores, espana a areia das calçadas com sabedoria, facilitando o trabalho das
zeladorias, refresca as crinas dos cavalos que ainda andam por aqui e ali, acariciam
os cachorros abandonados com muito jeito porque, estes, aumentam de população
assim que a massa ignara se vai aos atropelos e o carinho lhes falta.
Outro sinal evidente é o sol que agora se
afasta lentamente para um lado onde ao surgir terá cores mais suaves, vai
brilhar por entre alguns telhados e galhos de árvores, vai espiar por sobre
outros tantos tetos, altos e baixos, vai se esconder um pouco mais entre
nuvens. O que vem por aí deve abrandar os calores da terra, as sementes ficarão
mais escondidas e os bichos de estatura mínima poderão correr mais soltos, sem
o fogaréu a lhe queimar as ventas. De certo que os tons terão matizes de
primeira linha, todos beirando tons de sépia, amarelo cadente, verde diáfano e
vermelho rubor.
Depois de a natureza perceber a sua presença,
porque os ares o prenunciam, a euforia viceja para quem fica e que de certo
modo nem muito alarde faz, talvez para não difundir a pratica de fazer parte de
tudo na vida, mas com o tempo fazendo conta certa e não conta de cabeça. E é
deste jeito um pouco “amoitado” que todos os dias o sorriso ilumina toda a
feição, os olhos se abrem com muita facilidade porque as horas estão novamente
sendo marcadas com exatidão, os trinados voltaram a ter seu poleiro e a
noitinha se instala mansa, respeitosa e reverente com seus convidados de cotidiano.
A celebração é verdadeira quando se pode
sentir que some como por encanto os olheiros de plantão, os conversadores de
todos os naipes, os obrigatórios convescotes e as palavras vãs. Um santuário é
um lugar onde de pouco se precisa.
Um comentário:
Verdade, sentimos no ar a volta do nosso, só nosso santuário!
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