O mar recrudesce um pouquinho como se
reverenciasse as guaritas se assentando novamente na beira da praia, para
abrigar os guerreiros salva-vidas que encarapitados – literalmente – na
estrutura precária, passam desde os primeiros raios de sol até os últimos, a
olhar com detalhe como anda se comportando o oceano neste dia. É ali na
imensidão amada de muitos que os pormenores são ditados diferentemente, no
verão que anda a todo vapor.
Os avisos oceânicos se fazem bem por debaixo
das águas e também enviam seu recado ao conhecedor desafiando-os, mudando de
cor para impressionar e suscitar as várias explicações, se redemoinha um pouco
lá, um pouco alhures, também com a intenção de conquistar estes olhares fixos
durante a jornada, parecendo uma brincadeira para quem assiste.
As
areias foram evacuadas dos habitantes marítimos diários porque ao receber uma
horda insana a lhes pisotear, melhor serventia é se recolher para o fundo, bem ao
fundo da terra que margeia as espumas. E deste jeito ficam espiando a mudança
da paisagem que reside agora no multicolorido status de veraneio.
As ondas entram no jogo do empurra e ficam
sempre se combinando como se manter em alta, como baixar os flaps para
desespero dos surfistas, como ter uma arrebentação instigante ao olhar dos
empoleirados rapazes em guarda na faixa de areia que se alterna com suas
bandeiras de avisos, que se municia de aparatos de salvaguarda para quem
desafiar aquelas águas. Elas podem estar calmas e profundas, porém munidas de
um sentimento de traição atávico ditado pelo clima, disfarça por debaixo de suas espumas.
A tarefa fica mais difícil porque não é
somente ao maravilhoso mar que os olhos atentos e treinados devem se dirigir. O
entorno pede atenção por ser sempre caótico e sugere olhar de lince para a multidão
que se enjambra ao sol, para as crianças que se arremetem ao mar sem calcular
distâncias, a cachorrada mimada se solta e corre para todo lado como se não
houvesse amanhã. Na contrapartida, bengalas se entrelaçam nas cangas coloridas,
as pernas bambas se opõem às coxas torneadas, os abdomens tanquinho desafiam as
enxundias de tantos e muitos, os pés correm atrás das bolas com e sem cor e
assim outro grupo empina papagaio, joga bocha, frescobol, peteca, vôlei de
praia, ginastica, corrida e o scambal.
E deste jeito animado ainda sobra um tempo
para olhar para o alto, o céu azul, onde helicópteros fazem rasantes, monomotor
puxa faixas de propaganda, os paraglider exibem destreza. Tantos ao alto,
tantos a terra. Para bem entender esta dinâmica é sabido que estes heróis de veraneio
necessitam sempre ficar em um nível acima do chão, para ver melhor....
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