terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Estado


Parece mesmo impossível vagar pela vida como se estivéssemos olhando de cima, como se nossos pés pairassem no ar, longe do pavimento frio que esfria a temperatura do corpo para então termos condições de recuar nas atividades da maioria, mas, que neste dia, está dando pinta de que nem vai iniciar. Parece um tempo como os outros, mas não é, porque a formação está elevada do chão, tudo a nada se parece, e neste estar desagregado apenas o relevante se esgueira e se apresenta no recinto que teima em reverberar o que a nascente hoje determinou.

Como se eu não fosse deste mundo, fico ali elevada no ar percebendo que de certa maneira meu corpo se esmera em não pesar, que meus ossos estão tão porosos que posso sentir o ar perpassando por entre todos que neste momento não possuem serventia alguma, somente talvez para unificar e arejar o corpo com a alma, com certa graça, admito.

O entorno não me parece estar diferente de mim, então, volta e meia abro um olho, um apenas, para checar se no correr das horas os parceiros deste quadro surreal já não se evadiram. Nada, todos ali alimentando meu estado de espírito bem audacioso que hoje se insurgiu a colocar os pés no rés do chão.

Não existe peso para ser carregado e assim pairo no ar e com os olhos fechados sigo um pouco mais na minha alienação. A cadeira abaixo de mim serve como referência apenas, e posso ver que está em certo sentido deslocada da arrumação, alguns livros se revelam criativos ao desejarem me alcançar, mas enfeitiçados pela leveza de se ausentar imitam o meu estado de espirito.

E assim a rua e o interior se apresentam juntos, evadidos de um estado normal, curtindo de certo modo uma forma de se apresentar à vida, que faça um sentido às avessas. Que a contemplação seja o sujeito de todas as frases que não serão ditas desta boca que amanheceu sem palavras deixando deste jeito tudo em volta desarrumado.



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