Parece mesmo impossível vagar pela vida como
se estivéssemos olhando de cima, como se nossos pés pairassem no ar, longe do pavimento
frio que esfria a temperatura do corpo para então termos condições de recuar nas
atividades da maioria, mas, que neste dia, está dando pinta de que nem vai
iniciar. Parece um tempo como os outros, mas não é, porque a formação está elevada
do chão, tudo a nada se parece, e neste estar desagregado apenas o relevante se
esgueira e se apresenta no recinto que teima em reverberar o que a nascente hoje
determinou.
Como se eu não fosse deste mundo, fico ali
elevada no ar percebendo que de certa maneira meu corpo se esmera em não pesar,
que meus ossos estão tão porosos que posso sentir o ar perpassando por entre
todos que neste momento não possuem serventia alguma, somente talvez para
unificar e arejar o corpo com a alma, com certa graça, admito.
O entorno não me parece estar diferente de
mim, então, volta e meia abro um olho, um apenas, para checar se no correr das
horas os parceiros deste quadro surreal já não se evadiram. Nada, todos ali
alimentando meu estado de espírito bem audacioso que hoje se insurgiu a colocar
os pés no rés do chão.
Não existe peso para ser carregado e assim pairo
no ar e com os olhos fechados sigo um pouco mais na minha alienação. A cadeira
abaixo de mim serve como referência apenas, e posso ver que está em certo sentido
deslocada da arrumação, alguns livros se revelam criativos ao desejarem me
alcançar, mas enfeitiçados pela leveza de se ausentar imitam o meu estado de
espirito.
E assim a rua e o interior se apresentam
juntos, evadidos de um estado normal, curtindo de certo modo uma forma de se
apresentar à vida, que faça um sentido às avessas. Que a contemplação seja o
sujeito de todas as frases que não serão ditas desta boca que amanheceu sem
palavras deixando deste jeito tudo em volta desarrumado.
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