quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Preciosidades


Parece incrível que uma simplória e rústica beira de praia possa esconder tantos tesouros para quem ousa olhar tudo em sua amplitude e ter deste jeito mais conhecimento desta vida silenciosa que se aprofunda para quem sabe prestar atenção.

Os olhos, ao se aproximarem da magnitude do oceano se vê hipnotizado pela massa cristalina que se movimenta a partir dos humores do vento, bailando sempre contra sua vontade, fazendo um pra lá dois pra cá obrigatórios sendo que, quem lhe pede em dança, é seu companheiro de vida. O vento enlaça o mar ditando o ritmo diário mantendo-o refém para todo o sempre. E assim, sem vontade própria as águas se deixam levar docemente, de certa forma apaixonada por este par que faz de sua existência o comando dos oceanos.

Difícil desgrudar da vastidão misteriosa, porém ao se desprender dali a vista, a chance de passear pela paisagem que a natureza coloca em formação é grande e então se vai tropeçando, em um primeiro momento, nas conchas destituídas dos seus moradores, se presenteando humildemente, após terem sido embaladas por longo tempo pelo fundo do mar. 

Elas podem surgir como se fossem verdadeiras esculturas de tão trabalhadas sua casca, ou ter ainda enraizadas em sua carapaça musgos recentes, mas o mais belo é sempre o seu interior, parecendo madrepérola, ou sendo, sei lá. E deste jeito, involuntário, vem dar os costados ao seu descobridor, pois seus inquilinos há muito abandonaram a morada, se tornando isca de pescador.

O mar suscita tantos desejos de paz e harmonia que fica difícil ali se deparar com o sofrimento. Não se sangra a beira da natureza que se oferece de graça, que resfolega sem cessar todos os seus sons, seus cheiros e que a cada dia amanhece diferente somente para passar o recado que no amanhecer se ausentam as tragédias da vida.

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