Os dias são recheados de cinco minutos e
andamos com este refrão contante sem nem ao menos pensar no que estamos nos
impondo e a pegada é no escuro. Parece que naquela montanha imaginaria de
minutos somos empurrados a fazer o que nunca ninguém fez, a realizar a primeira
tarefa do dia mais rapidamente do que de costume, a pular aquela reflexão
porque a premência nos rouba a alma, porque se não for agora, não será.
E de tempos em tempos vamos formando nosso
dia, sem olhar nem para frente nem para trás, apenas tendo em mente que a fila
anda e que ninguém espera sua vez chegar. O movimento é sem apuro e deste jeito
fica difícil imaginar que muita coisa que se apresenta vai ficar sem resposta,
sem nem uma vaga ideia do propósito real de tantas requisições. Cinco minutos
aparecem como facas no pescoço, ou como uma corda que pressiona o impulso
parecendo muito despretensioso.
Os minutos muitas vezes vêm bombear a
urgência diária, mas não se tem aferição do porque de tanta inquisição para um
momento em que nada urge. Nos somados segundos em que o sol acaricia o mundo e
rosna um bafão nas terras mais minguantes não é o momento mais assertivo de não
pensar. O tranco tem de aparecer porque o momento prima neste sentido.
E sempre naquele momento em que se debate a
forma ou o gosto do realizar rápido, seja uma felicidade, seja um pecado, seja
uma bobagem. A coragem está ali bem assertiva marcando com força a celeridade
que estabelece uma linha tênue onde o tudo e o nada podem acontecer. Não tem
meio termo quando a fobia aparece.
Então, no calor do desejo de em nada pensar,
no rompante momento em se livrar e deixar fluir o seu melhor sem amarras, de
não deixar que nada interfira, de pensar que a vida é isso, os cinco minutos se
transformam em caudaloso medidor do tempo onde acontece uma bobagem, uma gafe, um risco.
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