domingo, 14 de setembro de 2014

Ofensas



Não presto atenção em tudo e por isso mesmo vive caindo no meu colo o que não pressuponho que aconteça. Então num desses desvarios de pensar, de ler e de escrever enxerguei nitidamente o quanto pode ser curiosa à falta de tato e por que não dizer – de educação – do anônimo. E falo em desconhecido para mim, não que a pessoa se esconda. Em tempos reais e de conexão vale tudo, larga-se palavras e ofensas ao vento como se elas não fossem chegar ao destinatário.

Os arautos que sineteiam nos caminhos ainda tortuosos da comunicação moderna infestam nosso cotidiano agridem nossas origens, nossa família e nosso passado, como se deles fossem. Não existe trava na língua, amor à ponderação, respeito ao próximo. Tudo vai na lata.

Penso no direito de julgar ao próximo sem que ao menos lhe seja permitido ter um encontro com olho no olho para poder sentir a frieza ou o acaloramento da discussão ou das falas em uma simples conversa.

Os diálogos ingênuos deram lugar a grandes discussões de grupos que reunidos estão virtualmente muitas vezes falando sozinho, contando de si para si, se arvorando como o dono da verdade desrespeitando a opinião pública, conforme o caso. Chegou a hora dos sem dono, do desserviço de jogar todas as ideias em solos desconhecidos sem se preocupar se o pátio fica grudado ao seu. Caia onde caia a ofensa grassa.

A relevância e a verdade estão descartadas uma vez que neste momento, a opinião individualizada se tornou tão passional que a razão nem mesmo importa. Importa vomitar a ofensa, agredir quem não se conhece, tornar público o ditado sem fundamento ou razão de ser.

Levantar hipóteses não faz mais sentido nestas horas de tantas veredas enredadas, tantas ideias plantadas, tantos pensamentos cruzados. Bom saber, entretanto, que o que está selado, está feito.

Um comentário:

Nelson disse...

Ofensas é um belo texto, mas a ofensa só pode doer quando o ofensor merece nossa atenção ou seja alguém quem imaginamos que jamais nos ofenderia. Ofensas, muitas vezes, não passam de provocações, chamamentos para uma cancha, quadra ou palco que anda meio vazio e precisa da nossa presença para dar público. Ofende intencionalmente quem não sabe dimensionar aquilo que possa ser valioso para alguém e pisa sem dó. Ofende então o fraco, o egoísta, o vaidoso que desconhece a imperiosa necessidade de respeitar seu semelhante e seus afetos.

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...