A visão dali era de apenas
quatro paredes que fechavam o circuito naquele tempo perdido em si mesmo,
parecendo não haver o que fosse de fato interessante para subtrair dali uma ou
qualquer coisa. Em perspectiva parecia tudo muito bem alinhado e fechado sem nenhuma,
ou quase nenhuma, chance de soltura de quem ali se amarrou.
Em frestas pequenas entrava
uma bolinha de sol nos dias em que ele aparecia, uma gota de chuva ou uma
lágrima de lua se faziam presentes alternadamente, trazendo calor, frio ou
melancolia confundindo um pouco o clima dentro do cubículo.
As cores também variavam e o
colorido nem sempre se apresentava como preferido havendo uma mutação da
cartela que se alinhava conforme o vento soprasse e a luz se fizesse presente. A
estrutura era frágil como sempre acontece quando se encerra em tão pouco espaço
tanto a pensar, um mais a se consumir ou finalizar.
Somente muito poucos
percebiam a riqueza das fronteiras de além dali, do imenso espaço aberto que
aquela conjuntura pequena proporcionava uma vez que ao se fechar em copas afloravam outros assuntos e estes iriam perpassar o mundinho fechado aparentemente sem
fronteiras.
É neste ponto que se abre a perspectiva de enxergamento do oculto, do não sabido, do ignorado, que
chega para surpreender o dia uma vez que a noite já levou o que fazia sentido.
A compreensão do vazio é
preenchida com a riqueza de detalhe do sonhador acordado que busca insanamente
o sorriso que lhe faltou do outro, o abraço apertado imaginário, o aprendizado
com sua própria companhia para ter jeito de enriquecer a de todos e amiúde, cede
sua solidão para que o outro não a experimente.
E assim vai sendo feito o
figurino que dá personalidade a esta solitária que somente na aparência alucina,
uma vez que sua construção tem base sólida em argumentos, detalhes e intenção,
sendo eles que mantêm as quatro paredes em pé.
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