sexta-feira, 25 de julho de 2014

Romance



Variados, subalternos, loquazes ou simplesmente simples eles vem e vão, assim como a brisa que deita seu vento pequeno na floração do dia e muda a aragem ao se apresentar esperançoso, futurístico, e por isso mesmo desastroso. Muitas vezes rompe as fronteiras das improbabilidades como lhe assopra a intuição, grande amigona que às vezes é escanteada e desacreditada. Vai ver que é para dar passagem à ilusão, outra danada parceira de conluios romanceados.

Com este clima tudo se enverdeja e se esclarece elevando o pensamento para milhões de bobagens que deixariam rubra qualquer pessoa de bom senso. Mas não para quem tem o hábito de romancear sempre o que se apresenta tendo uma capacidade de trazer para dentro da rotina certa, determinadas inadequações. 

Assim a vida vai dando corda cega uma vez que a ordem é não estancar, não desistir, ir sempre além, mesmo que depois tenha que costurar as feridas, calcificar os ossos, atirar-se ao chão na busca das tantas palavras desperdiçadas nas muitas conversas. Diálogos deliciosos que vão para frente e para trás numa dança de presente e passado como se grandes cúmplices fossem. Deitar o olhar ao mar em agradecimento por ele ter sido uma testemunha calada e confidente do interlúdio, faz parte do fim e do começo.

Parece que de pronto tudo está se estabelecendo a favor, porém um ruído mínimo no fundo do pano incomoda sem que se possa lhe dar o devido valor ou sequer mensurar se vem para estragar ou se é um alerta de perigo iminente. Por risco quero dizer cair-se em ciladas floreadas, deixar-se levar pela quentura de um olhar mais atrevido, do beijo roubado em susto, do abraço imprevisto e desajeitado e dos encontros que se desfazem como sorvete derrubado em asfalto quente. Tempos ardentes fazem parte da promessa do amor que, inadvertidamente, pode chegar travestido de inverno rigoroso, promessas falsas e catastrófico final, mesmo que estejamos aproveitando o calor.

O carrossel não para uma vez que lhes foi dado o açoite e as mãos que o conduzem, embora frágeis no início, se fortalecem para servir de anteparo a tudo que foi arremetido em sua direção. Um destino certo desviado na chegada.

Nenhum comentário:

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...