Variados, subalternos,
loquazes ou simplesmente simples eles vem e vão, assim como a brisa que deita
seu vento pequeno na floração do dia e muda a aragem ao se apresentar
esperançoso, futurístico, e por isso mesmo desastroso. Muitas vezes rompe as fronteiras
das improbabilidades como lhe assopra a intuição, grande amigona que às vezes é
escanteada e desacreditada. Vai ver que é para dar passagem à ilusão, outra
danada parceira de conluios romanceados.
Com este clima tudo se
enverdeja e se esclarece elevando o pensamento para milhões de bobagens que
deixariam rubra qualquer pessoa de bom senso. Mas não para quem tem o hábito de
romancear sempre o que se apresenta tendo uma capacidade de trazer para dentro
da rotina certa, determinadas inadequações.
Assim a vida vai dando corda cega
uma vez que a ordem é não estancar, não desistir, ir sempre além, mesmo que depois
tenha que costurar as feridas, calcificar os ossos, atirar-se ao chão na busca
das tantas palavras desperdiçadas nas muitas conversas. Diálogos deliciosos que vão
para frente e para trás numa dança de presente e passado como se grandes
cúmplices fossem. Deitar o olhar ao mar em agradecimento por ele ter sido uma
testemunha calada e confidente do interlúdio, faz parte do fim e do começo.
Parece que de pronto tudo
está se estabelecendo a favor, porém um ruído mínimo no fundo do pano incomoda
sem que se possa lhe dar o devido valor ou sequer mensurar se vem para estragar
ou se é um alerta de perigo iminente. Por risco quero dizer cair-se em ciladas
floreadas, deixar-se levar pela quentura de um olhar mais atrevido, do beijo
roubado em susto, do abraço imprevisto e desajeitado e dos encontros que se
desfazem como sorvete derrubado em asfalto quente. Tempos ardentes fazem parte
da promessa do amor que, inadvertidamente, pode chegar travestido de inverno rigoroso,
promessas falsas e catastrófico final, mesmo que estejamos aproveitando o calor.
O carrossel não para uma vez
que lhes foi dado o açoite e as mãos que o conduzem, embora frágeis no início,
se fortalecem para servir de anteparo a tudo que foi arremetido em sua direção.
Um destino certo desviado na chegada.
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