Ao invés de eu me deparar em uma encruzilhada, ela é quem veio ao meu encontro, bem desaforada e pedante me cobrando a decisão tardia que eu sabia que me rondava, porém eu a ignorava e fazia de conta que não tinha medo e, orgulhosa, fazia questão de não enxergar a exigência, me transmutando de louca ao perceber a força do empuxo.
Às vezes eu não tenho nenhum lugar em vista para ir, parecendo que o meu gosto por qualquer coisa se foi junto com o verão e agora, o inverno chega e congela-me no tempo com crueldade, assim como todos os meus desejos, minhas obrigações, meu afetos, meus inimigos e meus interesses. Todos na prateleira.
Então, lembro vagamente que sou organizada e decido encarar todas estas situações que se enfileiraram na estante, de certa forma rindo de mim, e com galhardia vou dando a cara a tapa, mesmo que tudo já tenha acontecido.
Reviver o tabefe é imprescindível porque ele me acorda e distancia o pensamento em relação aquela mentira que me foi jogada sem a menor cerimônia e que eu, boba, acreditei. Resolvo me olhar no espelho e a vermelhidão na face acusa o comentário do teu próprio lado e a confusão se estabelece uma vez que a confiança se abala. Consigo agora enxergar todas as armadilhas que me travaram o passo e que neste momento se enfrentam comigo porque, hoje, percebi que paralisada estava.
Algumas marcas ficam para
sempre, o que de certa forma é bom, pois se assemelham a pedrinhas soltas no
caminho andado e assim podemos olhar para trás e ver nossa trajetória,
misturando os lances heróicos e os de covardia formando uma passagem ladrilhada
de alegria e tristeza, de amor e traição, de sucessos e fracassos, todos eles
sempre se alternando numa trilha sem fim.
Um comentário:
Maravilhoso texto. Levou-me às experiências passadas. Situações que nos levam a mudar.Pessoas que deixam em nossas entranhas resquícios que não gostaríamos de lembrar.É a vida...
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