sábado, 7 de junho de 2014

Inspirar


Deve ser efeito de alguma coisa que colocaram no ar de inverno que me levou a inspirar os frios matinais e devolver à atmosfera um longo suspiro carregado de fantasias que não tem lugar neste momento. Então, ficam planando com meiguice, se colocando muito precisamente na minha quimera, assaltando-me de surpresa com sua lembrança em pleno dia e nos lugares mais inusitados. 

E vai longe o tempo que agora se apresenta revestido de novo em folha como se não houvesse passado minuto a minuto contado desde então, e no dia que segue lento e preguiçoso só enxergo todas as cores me desafiando a compor o retrato que busco em meu interior em vã intenção. 

Por ora é o que se apresenta e resolvo aproveitar a loucura e vagar sem destino na imaginação percebendo que se não o fizer deste modo outros o farão e deste jeito dificilmente serei protagonista de mim. Melhor então me posicionar bem e observar os motivos que me levam a perceber que em dado momento tudo se parece de um jeito e no outro tudo se transforma do avesso, como se fosse uma roupa que possui melhor textura se for usada em seu adverso. Os personagens da vida real se manifestam da mesma forma, confundindo-me em cega credulidade para então me abater no desengano. 

Na continuidade da observação acurada vou tentando emparelhar o agüentado e o recente, diminuindo suas diferenças na pretensão que caminhem juntos tal qual a mão habilidosa que trança um bordado com diversas linhas e texturas na intenção de que se combinem ao perpassar por sobre o tecido o desenho de pontos e nós que tem a missão de aclarar a face do momento.  

Sem surpresa me defronto com um quadro vigoroso que retrata alguns pedaços de mim espalhados e  suturados com pressa  entre o que foi e o que está por vir e então, declino das minhas intenções.

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