Deve ser efeito de alguma
coisa que colocaram no ar de inverno que me levou a inspirar os frios matinais
e devolver à atmosfera um longo suspiro carregado de fantasias que não tem
lugar neste momento. Então, ficam planando com meiguice, se colocando muito
precisamente na minha quimera, assaltando-me de surpresa com sua lembrança em
pleno dia e nos lugares mais inusitados.
E vai longe o tempo que
agora se apresenta revestido de novo em folha como se não houvesse passado minuto
a minuto contado desde então, e no dia que segue lento e preguiçoso só enxergo
todas as cores me desafiando a compor o retrato que busco em meu interior em vã
intenção.
Por ora é o que se apresenta
e resolvo aproveitar a loucura e vagar sem destino na imaginação percebendo que
se não o fizer deste modo outros o farão e deste jeito dificilmente serei
protagonista de mim. Melhor então me posicionar bem e observar os motivos que
me levam a perceber que em dado momento tudo se parece de um jeito e no outro
tudo se transforma do avesso, como se fosse uma roupa que possui melhor textura
se for usada em seu adverso. Os personagens da vida real se manifestam da mesma
forma, confundindo-me em cega credulidade para então me abater no desengano.
Na continuidade da
observação acurada vou tentando emparelhar o agüentado e o recente, diminuindo
suas diferenças na pretensão que caminhem juntos tal qual a mão habilidosa que
trança um bordado com diversas linhas e texturas na intenção de que se combinem ao
perpassar por sobre o tecido o desenho de pontos e nós que tem a missão de aclarar a face do momento.
Sem surpresa me defronto com
um quadro vigoroso que retrata alguns pedaços de mim espalhados e suturados com pressa
entre o que foi e o que está por vir e então, declino das minhas intenções.
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