Sou toda feita, e ando
sempre na mão para que tudo ande certinho e acredito que, por isso mesmo, às
vezes, tudo anda errado parecendo que alguém levanta as orelhas e me faz um
gesto de deboche, como se eu fosse uma loquaz solitária que apenas reverbera o
que vem de dentro como lava de vulcão que, imponderável, garganteia para fora
sua indignação.
É verdade, de fato ando em
linhas volteadas buscando um ponto ali e outro acolá para poder dar sentido ao
não entendido, e muito pior, apreender o esquisito sem se deixar contaminar.
Talvez seja necessário dar vida a loucura do outro que se agiganta buscando o seqüestro
de pessoas como eu, desavisadas para sempre, e totalmente perdidas quando se
amontoam tantas condições.
No baralho das opções, aparentemente,
dou a volta na contramão parecendo querer enxergar melhor o que passou e com certa
lascívia revolvo o acontecido e busco sistematicamente a razão. Teimosa, decido
que preciso abrir espaço e acabo me rompendo a alma por tanto relevar, por
tanto querer pensar que a loucura é sadia e que eu apenas estou passando uma
fase.
Entristeço demais ao perceber
que esta fase está longe de acabar e que talvez ela vá evoluir e me arrastar
até o fim dos meus dias, me deixando em retalhos de preto e branco, o que não é
uma coisa totalmente ruim, pois assim eu gostaria de ser.
A onda avassaladora não tem
precedente e então me rendo, uma vez que as epístolas desatadas, as expressões sem
sentido ou lógica e as palavras de efeito não mais conseguem domar a força do desfazer.
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