Sou namoradeira e estou
sempre enganchada no amor pendendo muito a humores do dia uma vez que são
muitas as nuances do meu afeto que perpassam rapidamente do claro para o
escuro, do riso ao choro sempre muito bem acompanhado pela inconstância da
vida. Esta, que todo dia vem contaminar a mistura que não pedi e às vezes nem
desejei. Sentimentos são implacáveis e
certeiros para derrubar o combinado, enganar a esperança e derreter a boa
vontade. Nesta barafunda, tenho alguns pretendentes.
O Céu com seu azul gritante eleva
o espírito e sempre me faz pensar que é com ele que eu quero ficar, uma vez que
me abraça com uma amplitude universal, abriga todas as minhas ansiedades sobre
si e me possibilita exercitar um olhar perspicaz aos acontecimentos e nas
feituras do destino o que torna o meu envolvimento com ele e a vida muito
intenso.
O Sol é outro pretendente e
devo confessar: com muitas chances de me conquistar uma vez que adoro deitar-me
ao seu calor, aprecio demais que alumie meus passeios, que deite sua luz dentro
de minha casa criando desenhos de sombra luz e calor que além de esquentar meu
corpo deixa minha alma ardente. É com ele que lanço um olhar abusado ao abrir
um livro, é ele que me incita a escrever no Diário os meus desejos
inconfessáveis e, no final, sempre me atende quando lhe peço que enfraqueça sua
intensidade luminosa para me acobertar na escrita que pede meia luz para que
minha mente se engrandeça.
Mas O Vento vem com tudo, como
lhe é peculiar, e balança meu coração por ele ser o meu contrário, por gostar
de bagunçar o que já está proposto fazendo barulho infernal para quem aprecia o
silêncio como eu. Talvez por isso ele me atraia muito e me leva a ouvir as
grandes tempestades, as ondas da maré rugindo no fundo do meu coração sempre
apertado e fustiga a natureza com intenção de me chamar a atenção e, deste
modo, desarruma tudo o que está organizado e com destino certo. Voluntarioso,
me deixa sempre na incerta.
Mas de todos quem ganhou meu
coração foi O Amor, porque ele reúne e compartilha todas as sensações de
tumulto e de calmaria, é ele que me faz abrir os olhos toda manhã e mesmo que
eu esteja cega durante o dia ele vai me ajudando a enxergar o que não está à
minha frente. Sem nenhum pudor ou culpa é com ele que me deito e levanto todo
dia tendo sempre o cuidado de não o ferir, não o relevar, não o tratar mal e
muito menos o ignorar.
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