Depois de um tempo me dei conta que eu não havia tido um olhar mais acurado no entorno e também não mantive minha atenção azeitada como deveria. As divagações do dia nos leva muitas vezes para caminhos mais leves, mais floridos, mais imaginosos e, de certa forma, deixamos de lado o empenho na apuração.
Anda difícil para mim me acompanhar minuto a minuto porque sinto certo desconforto de ter que examinar tudo e todos, ficar procurando cabelo em ovo e achar aquela agulha no palheiro. E então me distraí e me fui para o outro lado – todos tem um – aquele lado que releva, que abana a cabeça e sorri e deixa para lá. Não vou pensar nisso agora porque vai estragar-me o dia, não vou dizer o que devo agora porque não sei como abordar o assunto, não vou fazer o que urge porque não é o momento e assim fui saltitando através da vida em curso. Também não percebi o empurrão de quem me jogou não sei onde nem como, porque não tive a audácia de observar, desconfiar e temer.
Percebi no finalzinho do dia que eu estava sendo atacada pela impermanência das relações e isso, sim, estava acabando comigo, me derreando a confiança, me encolhendo o olhar e me deixando com o sorriso amarelo e pior, escrevendo com o fígado.
Não há mais espaço para sublimes
cartas de amor, ou de rompimento, onde a letra se enrosca e se engrandece para
que a carta, mesmo transmitindo más noticias, seja um objeto recebido com
respeito e guardado molhado de lágrimas. O olho no olho está fora de moda, a
intimidade se tornou palavrão, o carinho se perdeu nas figurinhas
virtuais e o desfecho ficou no Clic .
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