Um pouco atrasada, me
embarafustei no corredor livre da rua que recebia milhares de pessoas viciadas
em esporte e que, provavelmente como eu queria beber na fonte do elemento
viciante que é a endorfina que numa prova destas entra direto na veia, coisa
que somente o esporte de longa duração pode ofertar. Eu e todo mundo precisávamos
de força nas pernas e mente tranqüila para aceitar que cada passo nos leva ao
fim.
Pedalando, segui a massa
resfolegante e percebi que uma maratona esportiva dentro da cidade é como
transitamos na vida, às vezes andamos na contramão, outras temos que solicitar
que alguém faça um stop no sinal para podermos passar, em outras horas, temos que
desacelerar e dar espaço ao parceiro uma vez que talvez ele esteja em melhores
condições físicas ou de ânimo.
Seguindo adiante me
emocionei ao ver dois homens correndo com uma fita enlaçando seus braços e
constatei que um levava o outro, que era cego. Neste momento pensei na
generosidade que assola competições, onde o corpo pretende superar seus
próprios limites estabelecendo uma linha muito tênue entre o esforço físico e o
mental. Se não se tem cabeça, não se tem perna.
Continuei me enrolando entre
competidores, me solidarizei com os simpatizantes nas bordas das calçadas que incentivavam
a turba, com os treinadores de equipe que gritavam palavras de ordem para seus
competidores, e estes, a cada berro, levantavam a cabeça e com o rosto esgarçado
de dor saltavam o olhar para o objetivo que iriam alcançar. Gravei seus rostos
em sofrimento quase na linha de chegada.
A
lição do dia é que a vida é igual a uma maratona. Preparei-me para as medalhas,
mas talvez o treino não fosse o suficiente e aquela queda no meio do caminho
foi um aviso que na próxima haverá desafios maiores, como se o meu corpo
massacrado e em pedaços não bastasse.
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