Deixei-me levar docemente pelos ventos uivantes que, volta e meia, vergastam a minha costa derrubando tudo sem raízes e sem forças para se manter em pé. É assim a força da natureza e eu igualo a mesma em relação aos nossos mais caros valores e sentimentos que se dobram a mercê da vida.
Vida essa imponderável que segue em frente sem que a
consigamos deter fazendo apenas o possível, se rendendo em seus braços,
aproveitando a ventania que sopra deixando-se envolver pelo tempo, vagando em
outros braços mais calorosos e desconhecidos, tornando a experiência mais
inusitada e profunda.
A murada da natureza tem urgência no chamado e vai
balançando sem ritmo os braços fortes do arvoredo que se dobra, porém não se
entrega. Ali estão para defender sua vida que provém das profundezas da terra
na busca da seiva constante que lhes entope de saúde seus veios dando-lhe força
para resistir ao rugir da atmosfera voluntariosa tão dada a rompantes e
violência.
Aqueles que não resistem se vão ao chão porque há muito suas
guampas se esgarçaram mantendo-se um pouco desatentos em se agregar. Na verdade,
desligaram-se em algum tempo de quem lhe prouvesse a vida, ou quem sabe, não
conseguiram manter-se verdes e a dona da terra condenou-lhes à secura, não por
falta de serventia, mas simplesmente porque estava na hora.
Desta feita ao invés de se vergastarem aos ventos
adubarão as entranhas da terra.
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