segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Temporais




Deixei-me levar docemente pelos ventos uivantes que, volta e meia, vergastam a minha costa derrubando tudo sem raízes e sem forças para se manter em pé. É assim a força da natureza e eu igualo a mesma em relação aos nossos mais caros valores e sentimentos que se dobram a mercê da vida.

Vida essa imponderável que segue em frente sem que a consigamos deter fazendo apenas o possível, se rendendo em seus braços, aproveitando a ventania que sopra deixando-se envolver pelo tempo, vagando em outros braços mais calorosos e desconhecidos, tornando a experiência mais inusitada e profunda.
A murada da natureza tem urgência no chamado e vai balançando sem ritmo os braços fortes do arvoredo que se dobra, porém não se entrega. Ali estão para defender sua vida que provém das profundezas da terra na busca da seiva constante que lhes entope de saúde seus veios dando-lhe força para resistir ao rugir da atmosfera voluntariosa tão dada a rompantes e violência.

Aqueles que não resistem se vão ao chão porque há muito suas guampas se esgarçaram mantendo-se um pouco desatentos em se agregar. Na verdade, desligaram-se em algum tempo de quem lhe prouvesse a vida, ou quem sabe, não conseguiram manter-se verdes e a dona da terra condenou-lhes à secura, não por falta de serventia, mas simplesmente porque estava na hora.
Desta feita ao invés de se vergastarem aos ventos adubarão as entranhas da terra.

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