Chegaram dia e hora que eu mais temia, uma vez que sempre
pensei inútil andar de costas percorrendo o vivido, mas, pelo visto, é um
exercício de certa forma necessário para a sobrevivência do corpo são e da alma
em anseios.
Atendi o chamado e voltei-me, em primeiro lugar às letras
que são teimosas e a qualquer hora invadem o meu momento, se espalhando por
toda a minha casa, se travestindo de personagens únicos. Poderoso, um simples
caractere se dá tanto valor que me pede para transformá-lo e, às vezes agressivo,
solicita-me que eu lhe confira vida e lhe eternize através dos teclados gastos me obrigando a encontrar o sentido de outrora
para o que ali escrito foi.A iniciativa é premente, porém, a execução é um fracasso porque hoje não sou mais aquela escrevente engatilhada naquela caligrafia e, portanto, não tenho mais lembrança dos sujeitos da frase que me levaram a lhes atribuir à estória e, desta forma, fica parecendo que tudo que nasceu, morreu em seguida.
Sem saída, aproveitei o empuxo e reli tudo o que já foi criado e descobri que em alguns mágicos momentos é possível reescrever e modificar todos os destinos que de forma pueril alinhavei no passado, me surpreendendo com as alternativas que se sobrepuseram dentre os mais variados contextos. Joguei-me de corpo e alma na refação tentando atabalhoadamente ressuscitar as estórias com o viés do agora.
Acredito que não fui muito feliz, apesar do esforço, e me
dei conta que a dedicação em tornar palatável determinada desdita a torna irrevogável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário