Estou bem sentada aqui esperando o fim do mundo depois de
amanhã. Resolvi que não vou fazer nada diferente, ou melhor, na manicure, não vou pintar minhas unhas, porque ao virar
pó não quero ter em meu corpo nada que se configure estabelecido, muito menos o
meu esmalte que sempre é vermelho. Imagina, 20 pontinhos grenás permeando as poucas cinzas
que eu presumo que ficarão amontoadas num cantinho. Mesmo assim, espero que meu
pó seja de cor desmaiada, chic e um pouco cintilante. Mania de não querer parecer
despercebida.
Fico na expectativa de uma viagem deliciosa esta, de final dos tempos, onde tudo o que existe irá sucumbir e se tornar apenas uma nuvem
etérea vagando no cosmos, como se fosse uma civilização tão baldia que o único destino
cabível é planar no inútil. Acho que,
preferentemente, não haverá cor porque todos os fins são desmaiados, estonados
e tristes.
Imagina o vácuo atmosférico sem o humano vilipendiando o
planeta Terra, bagunçando o coreto do clima e da água e à mercê dos poderes antropofágicos
de nações, políticos e etnias. De qualquer forma, me parece que nosso astro não
irá conseguir se abduzir em luz no dia 21. Muita cangalha, muito ferro, muito
cimento, muito plástico, muito silicone – principalmente – sem condições de
derretimento. Nem o mea culpa vai salvar
o planeta. Em minha visão, melhor que o mundo como está não se acabe, porque
não vai haver espaço no céu para acolher a tralha desconjuntada.
Em contrapartida, esta expectativa de fim do mundo andava me
alegrando porque não consigo mais ser colorida como antigamente.
Um coração chumbado.
Um comentário:
Vera,
De tudo que lí sobre fim-de-mundo esta tua cronica é, disparado , a melhor !
Passo o Natal aqui e logo depois vou para o Rio onde passarei mais um reveillon . Oooooba! Amo a cidade maravilhosa .
Queri, te imitando , tudo de bom, gostoso, fofo, livre e amoroso pra ti . Abraços . Marilda
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