sábado, 4 de dezembro de 2010

Assassinato virtual


Relegar à morte um integrante, ou vários, de nossa lista virtual é fácil. Basta um clic e aquela pessoa que de alguma forma está mexendo com o nosso coração desarrumado, nos perde de vista. O movimento das redes sociais é o instrumento para demonstrações mudas de indignação. A pessoa em descarte vai levar um tempinho para se dar conta que foi varrida da vida do outro.

Olheiros virtuais são todos, observando a vida de quem amamos e de quem nem tanto, pelas idas e vindas dos sinais na telinha. É um entra e sai diário e a cada sinal verde do outro lado uma sensação que revira nossos sentimentos, aparecendo uma saudade, uma mágoa, uma lembrança, um sorriso, um olhar, uma fala.

Volta com força à mente aquele convite que se derramou entre lábios e que, infelizmente, não foi possível apreender.

Balançamos no cotidiano de uns e outros, atentos aos sinais de ausente, ocupado e disponível. Há certo conforto em verificar que todos estão vivos e a pleno vapor, e se houver uma folga fazemos a chamada para uma conversa de louco, onde um só escreve, o outro perde a leitura e acaba escrevendo sem responder o que perguntamos.

Não faz mal, o contato é que importa.

Estes sinais são um instrumento eficiente para retirar da nossa vida possibilidade não conjeturada.

Muitas formas de fugir.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vera,
conseguiste fazer um retrato em traços simples o que cada um que acessa a internet faz a todo momento.
A gente se vê num espelho, lendo o texto.
Beijos.
Maria Rosa

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