domingo, 28 de novembro de 2010

Covardia online


Esconder-se atrás de más notícias ou de assuntos que não podemos ou não queremos enfrentar, sempre existiu, e, no passado, cartas eram enviadas pelo correio, tendo seus selos lambidos e colados no envelope, com amor ou com ódio. A missiva tomava seu rumo, sobre rodas, a cavalo, a pé ou pelos ares, dependendo da época.

Hoje tudo voa pelo feitio da internet como flechadas com destino certo e rápido. Recebemos as mensagens inesperadas que podem ser um desagrado de um amigo, um amor que te dá adeus, um contrato desfeito. De tudo vem por ali. Guiados pelo medo do enfrentamento seja ele de que qualidade for, hoje é mais fácil o descarte do que a palavra dita, discutida, ponderada. Parece que há um certo fetiche em lançar palavras para todos os lados, aguardando a reação. Se instalando um secreto divertimento na provocação e, não estando o receptor da mensagem alinhado, o embaraço pode tomar uma forma contrária ao que se deseja. Na pior das hipóteses, livrar-se do assunto é a meta.

Não há o que substitua uma conversa e por este motivo, talvez, quem se sente acuado, inseguro ou ofendido, prefira eliminar seus desencantos de forma rápida e insensível, pois ao não perceber a dor ou o constrangimento do outro, lhe é mais fácil abandonar.

Deixar para trás a parceria de anos, o amor vivido intensamente ou a amizade que aos poucos se foi conquistando. A ira é destilada ponto por ponto e jogada impulsivamente.

São estes os tempos que se apresentam e na surpresa vamos abrindo chagas no coração, sem ter a chance de curá-las, pois o remédio para tanto nos foi negado.

O diálogo, que purga as feridas, que dá chance ao recomeço, que se constitui na última chance de todos e que cura todos os males, está fora de uso.

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