domingo, 12 de dezembro de 2010

Abrir o coração


Abrir o coração pode ser uma cirurgia precisa que vai retirar os incômodos que obstruem o bombeamento da vida e que foram ocasionados pela ingesta moderna e outras nem tanto.

De outro lado, pode ser o estouro da boiada dos nossos sentimentos mais profundos.

Coragem ao relator da efeméride que resolve discorrer sobre suas desditas, renúncias ou mal-querência daqueles a quem destina seu amor. Quase sempre é queixa que está na primeira fila do relato, pontadas doídas de traição, de desamparo e de descaso. Minaram a força interior do pobre que agora, qual zumbi perdido no inferno da própria ousadia, plana solitário.

Abrir o coração é sempre o limiar de nova condição, porque ao purgar o mal versado, o mal dito, as coisas podem tomar novo rumo.

O coração aberto demonstra a fragilidade e a grandeza de se abandonar em uma situação de renúncia. Saber finalizar os atropelos e consertá-los tarde, mas conseguir fazê-lo para si mesmo, demonstra atitude de alforriar o que entupia as artérias da alma.

Relatar o que fere a fogo nossos sentimentos é a solução purgatória de todos os males, limpando o pensamento, dando segurança e coragem para ir em frente, sozinha.

Coração em sintonia fina.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vera,
consegues escrever metáforas lindas, como a do zumbi e a das artérias da alma. Assim, acabamos vagando por outras que construimos nós próprios com a leitura do texto.
Beijos.
Maria Rosa

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