domingo, 21 de novembro de 2010

O sorriso



O sorriso é uma arma poderosa de convencimento e eu, particularmente, considero que se possa usá-lo ou negá-lo como uma alternativa de vingança e de poder.

Agraciar a fala entremeada de um ou mais sorrisos faz uma reprimenda ou uma observação mais cáustica, abrandar. A vítima do diálogo poderá se distrair olhando para teus lábios que se entreabrem mostrando a alvura dos dentes impecáveis – ou não - se perder no encontro das rugas que se formam ao esgarçar-se na risada, passando para olhares mais cuidadosos de toda a feição do sorridente em sua frente.

Quando encontramos alguém, seja uma pessoa que vemos diariamente ou não, abrimos o rosto demonstrando imediata satisfação no encontro, seja ele surpreendente ou programado. Os sentimentos bons afloram imediatamente e a saudade transforma o encontro em uma emoção única, sempre muito bem acompanhada de demonstrações de afeto.

O sorriso também pode ser utilizado como comunicação para uma vingança muda, ferina e implacável. Negue a abertura da tua alma que se expõe espontaneamente àquela pessoa que na esperteza encontrou uma saída vil na combinação.

A tática advém, eu acredito, da infância da criança que ao correr ao encontro da mãe, cheia de novidades e ansiando por um abraço, se depara com uma figura solene com olhar reprovador. Muitas vezes, sequer recebe um único olhar. Apesar de estar aos pés dela, ativando ruídos imensos com as traquitanas escolares, não há jeito de trazer o olhar da altiva mãe. Neste momento aprende o poder do sorriso e o sofrimento da negação do mesmo.

Um sorriso negado pode ser a redenção.

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