Esconder-se atrás de más notícias ou de assuntos que não
podemos ou não queremos enfrentar, sempre existiu, e, no passado, cartas eram
enviadas pelo correio, tendo seus selos lambidos e colados no envelope, com
amor ou com ódio. A missiva tomava seu rumo, sobre rodas, a cavalo, a pé ou
pelos ares, dependendo da época.
Hoje tudo voa pelo feitio da internet como flechadas com
destino certo e rápido. Recebemos as mensagens inesperadas que podem ser um
desagrado de um amigo, um amor que te dá adeus, um contrato desfeito. De tudo
vem por ali. Guiados pelo medo do enfrentamento seja ele de que qualidade for,
hoje é mais fácil o descarte do que a palavra dita, discutida, ponderada.
Parece que há um certo fetiche em lançar palavras para todos os lados,
aguardando a reação. Se instalando um secreto divertimento na provocação e, não
estando o receptor da mensagem alinhado, o embaraço pode tomar uma forma
contrária ao que se deseja. Na pior das hipóteses, livrar-se do assunto é a
meta.
Não há o que substitua uma conversa e por este motivo,
talvez, quem se sente acuado, inseguro ou ofendido, prefira eliminar seus
desencantos de forma rápida e insensível, pois ao não perceber a dor ou o
constrangimento do outro, lhe é mais fácil abandonar.
Deixar para trás a parceria de anos, o amor vivido
intensamente ou a amizade que aos poucos se foi conquistando. A ira é destilada
ponto por ponto e jogada impulsivamente.
São estes os tempos que se apresentam e na surpresa vamos
abrindo chagas no coração, sem ter a chance de curá-las, pois o remédio para
tanto nos foi negado.
O diálogo, que purga as feridas, que dá chance ao recomeço,
que se constitui na última chance de todos e que cura todos os males, está fora
de uso.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 28 de novembro de 2010
Covardia online
domingo, 21 de novembro de 2010
O sorriso
O sorriso é uma arma poderosa de convencimento e eu, particularmente, considero que se possa usá-lo ou negá-lo como uma alternativa de vingança e de poder.
Agraciar a fala entremeada de um ou mais sorrisos faz uma reprimenda ou uma observação mais cáustica, abrandar. A vítima do diálogo poderá se distrair olhando para teus lábios que se entreabrem mostrando a alvura dos dentes impecáveis – ou não - se perder no encontro das rugas que se formam ao esgarçar-se na risada, passando para olhares mais cuidadosos de toda a feição do sorridente em sua frente.
Quando encontramos alguém, seja uma pessoa que vemos diariamente ou não, abrimos o rosto demonstrando imediata satisfação no encontro, seja ele surpreendente ou programado. Os sentimentos bons afloram imediatamente e a saudade transforma o encontro em uma emoção única, sempre muito bem acompanhada de demonstrações de afeto.
O sorriso também pode ser utilizado como comunicação para uma vingança muda, ferina e implacável. Negue a abertura da tua alma que se expõe espontaneamente àquela pessoa que na esperteza encontrou uma saída vil na combinação.
A tática advém, eu acredito, da infância da criança que ao correr ao encontro da mãe, cheia de novidades e ansiando por um abraço, se depara com uma figura solene com olhar reprovador. Muitas vezes, sequer recebe um único olhar. Apesar de estar aos pés dela, ativando ruídos imensos com as traquitanas escolares, não há jeito de trazer o olhar da altiva mãe. Neste momento aprende o poder do sorriso e o sofrimento da negação do mesmo.
Um sorriso negado pode ser a redenção
Em alfa
De férias de ser prudente e responsável, abdico hoje, de contar comigo para qualquer coisa. Decido que a minha percepção sobre tudo será outra, vou virar do avesso, quero pensar que posso ir longe no meu desejo, que a minha ambição de ser feliz se realiza e que preciso de muito pouco para isso.
Necessito apenas estar de bem com quem me cerca, mesmo na distância, quero parecer próxima de quem estimo e colar na sombra do bem.
Ao conquistar este estado de espírito, comecei a sonhar e o que vi foram algumas ilusões curiosamente sacadas que pareciam imperceptíveis e até impossíveis de concretizá-las. Vi-me entre sorrisos bacanas, palavras de canto enfeitando meus dias, notícias engraçadas, risadas soltas e muitos causos sendo segredados ao pé do meu ouvido. Vida boa essa da imaginação em que nossas escolhas são preciosas e somente determinam nossa felicidade.
Não deixei de perceber a boa vontade caminhando ao meu lado e conversando à toa comigo como se velha amiga fosse, me aconselhando quais caminhos tomar e quais evitar. Deixei-me levar docemente porque me pareceu que estava lavando a alma dos meus tempos de consciência aberta e frágil.
Correndo perto de mim, tentando me alcançar, me agradei de ter por perto opiniões parecidas e ideais que se combinam. Nada como opiniões convergentes para levantar o ânimo e dar uma força a mais na caminhada.
Resolvi abrir um olho e ver a realidade uma vez que eu me imaginava sem forças.
Surpreendi-me ao perceber que eu havia apenas decidido elevar meus pensamentos em alfa, dar ordem ao caos, partilhando experiências e me fortalecendo para continuar
em frente. Que beleza.
domingo, 14 de novembro de 2010
Ingratitude
Ando com a cabeça um tanto quanto embaralhada e
meus espírito, coitado, vaga alhures sem que eu possa detê-lo. Por este motivo
tem me vindo à mente temas estranhos que se transformam em palavras mais
esquisitas ainda. Mas gosto desta confusão mental que me transforma em uma mal
humorada criatura que soletra temas ininteligíveis quase sempre.
Vejamos então que os tempos andam perigosos e ameaçadores uma
vez que a dedicação não basta para ter ao teu lado a gratidão, o reconhecimento
e o prestigio por buscares o caminho correto.
Na evolução dos tempos fica para trás o bom e emerge a
mentira e a traição, resultando em dilemas desconfortáveis.
A medida certa não existe uma vez que a surpresa nos pega sem
jeito e não há outra alternativa a não ser concordar com a desdita. Sempre
haverão momentos peculiares e saídas não honrosas para quem se ofendeu, ou para
quem determinou a culpa.
Potes cheios de mágoa e fel derramados na intemperança dos
humores e da agressividade respingam para todos os lados.
Ingratitude.
sábado, 13 de novembro de 2010
Interessantemente
De todos os pensares.
Como eu nunca a ouvi na boca de nenhum vivente e também não a
percebi impressa pela pena de ninguém, imagino que ela inexista. Decidida,
resolvi que ela é de minha exclusiva propriedade e vou fazer dela o que eu bem
entender. Palavras que podem ser torcidas e retorcidas assim como seu
significado que pode ser a desdita ou a bendita de quem as ouve. De agora pra frente ela estará à meu
serviço, se não, vejamos como ela me serve bem:
Interessantemente, naquele momento solene representando uma
ocasião relevante em todos os seus aspectos, acontece do outro lado um ruído
ensurdecedor na comunicação e más palavras se encaixam uma a uma dentro de uma
destas tecnologias que fazem parte do corpo humano nos tempos de hoje. Uma a
uma as letrinhas vão descendo através dos dedos ágeis - talento imbatível da
atualidade em qualquer idade. O cursor também está assombrado, porque o texto
não combina com o momento. Vida dura essa de “just in time” que enquanto
levantas uma taça para brindar de um lado, as facadas na pleura acontecem
concomitantes.
Interessantemente, os melhores sentimentos se espraiam doces
e esperançosos em meio à turba, porém, secretamente, vamos separando o joio do
trigo de maneira pontual porque é da nossa natureza não estabelecer vínculos
perigosos. Ainda é muito forte nosso instinto de preservação, como se ainda
fossemos quadrúpedes, vivendo e convivendo com feras nas negras e assustadoras
florestas. Confortáveis por esta impressão protetora, muitas vezes, pisamos em
falso e esta será a danação. Os confiáveis se revelam traidores e não há
remédio de cura para a dor.
Interessantemente, o início de uma nova fase se abre e os
louros são generosamente distribuídos atenuando os nervosos últimos tempos. A
agitação toma conta fisicamente da maioria e o frenesi se instala. Ao redor
muitas gralhas, muitas palavras, mas dentre todos procurei um só olhar azul.
Não encontrei aquela alma, que me parece, se perdeu. Isolou-se na amargura, na
solidão e no desprazer. Confinou-se dentro de si amargando todas as derrotas,
inutilmente, pois nenhuma delas lhe pertence. Interessantemente, voltei a escrever.
Duas lágrimas
O dia chora mansinho se unindo a tantas e tantas outras vertentes cristalinas que brotam de olhos de todos os matizes sempre mantendo a au...

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A traição impera de certa maneira no nosso dia começando pelo tempo que prometeu ficar de céu azul e se vendeu aos ventos e chuvas, desa...
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Na primeira vez me chamou a atenção um pé de sapato solitário perdido na beira do mar. Era de homem, e devia estar no fundo do oceano al...
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Descobri que estou sempre de malas prontas, não importando a viagem. Ao meu alcance, a bolsa do dia a dia que carrega em si as esperanças...