A palavra já vem nos avisar que é tudo de bom
ver entrelaçada nossas experiências que são o sabor da vida. Com conforto vamos
tramando este lugar especial e trabalhoso porque nem todos têm a possibilidade
ou competência de realizar. Uma maçaroca de conhecimento que conjetura idéias e
trama nosso destino.
Laçando retalhos, pontas e fios vou construindo o ninho, uma
bola que devo acomodar em algum recanto inusitado e um pouco escondido para que
os ventos contrários não arremetam a experiência ao vácuo ou ao vazio do não
entendimento dos melhores – e piores – pensamentos.
Vou lembrando que para começar esta meada vejo aquela
experiência mal sucedida que brota na lembrança como se fosse uma roupa de cor
brega, com feitio nada a ver com meu estilo e, como um tapa na cara – somente
agora - me faz refletir e não entender como foi possível ter cogitado usar
aquilo e naquela ocasião.
Vejo as ocasiões que pareciam fios de seda de tão suaves a
perpassar por entre os meus dias e que por isso mesmo de tão fino e delicado,
me cortou e recortou com feridas quase incuráveis. Mascarado de bom material,
não vi o quão áspero era de fato e percebo que este cordão era a ilusão que se
engraçou em minha vida.
Neste ninho as bases fortes são as de decepção e tristeza
porque continuo a encordoar o aprendizado junto com o som dos sabiás
incansáveis na primavera, no sol prenunciando o verão, a proximidade do mar e a
certeza que as próximas cadeias serão de encantamento.
Se fecha o ciclo do
ninho desta etapa pois sempre podemos voltar para desenrolar os nós, refazendo
outros.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 26 de setembro de 2010
Ninho
domingo, 12 de setembro de 2010
Alfarrábios
Decidi fazer uma faxina em papéis. Eu recomendo a atividade para quem deseja sair do ar, voltar a ser bem jovem, ter com vida todos os seus queridos e todos – ou todo – amor recebido em dose dupla.
Rever aquele bilhetinho do filho, ainda criança, dizendo – e escrevendo - que te ama mais que tudo no mundo e toda esta declaração bem exposta em letras e desenhos multicoloridos.
Minhas lembranças já estão amareladas e algumas rôtas de traças e de cor esmaecida.
Mas voltaram a ter vida própria quando lhes tirei o pó, lhe pus os olhos e sorriso, com alguma lágrima beirando por ali.
E então me deparei com poesias e textos que escrevi em 1980.
Não lembrava de tê-las escrito. Nem de ter sofrido tanto.
DANY
Nada.
Nada significa
Nada merece
Nada vale
Nada tem
Nada quero
Nada preciso
Queria....
Teu corpo
Tua imagem
Teu sorriso
Tua vida, meu filho.
DIA SETE
O dia sete é um dia pardo e quente.
Tem céu azul mas também tem cor de sangue, cheiro de asfalto, gosto de desespero e salgado de lágrimas.
A lágrima é translúcida e o mundo não acaba atrás dela.
Acho que Deus fez as lágrimas tão transparentes para que os desesperados vejam esperança, amor e vida por detrás delas.
domingo, 5 de setembro de 2010
Tão longe tão perto
Hoje em dia tudo é longe e tudo é perto, num clic estamos ao
lado de quem amamos e o espaço físico não tem mais tanta importância.
A comodidade da poltrona e das teclas nos levam para todos os
lugares sem problemas de trânsito, escadas para subir, pacotes para carregar
nem presentes para comprar uma vez que ao fazermos uma visita, sempre uma
lembrancinha deve ir junto.
Os olhos e as mãos substituem o velho abraço com corações se
tocando e perfumes se misturando. É neste mundo dito digital que alargamos a
cintura, sofremos de tendinite, forçamos o olhar nas telas, batemos com força
emocional num pedaço de plástico, como se todos estes elementos fossem da nossa
natureza para chegar perto do outro e se relacionar.
A preguiça de espalhar o amor diariamente nos coloca em
posição defensiva e acomodada, parecendo que pelos céus será mais fácil chegar
a todos que queremos bem.
A virtualidade tá na moda e pelo jeito vamos murchar por
falta de abraços, beijos afetuosos e conversas demoradas.
Desidratados de afeto morremos à míngua por não corresponder
a abertos sorrisos.
Então, como dispormos de energia para andarmos mais
entrelaçados e dispostos a bater na porta da vizinha e pedir que nos alcance,
não um pouco de café, mas uma prosa. A premência da comunicação oral é um
pedido de socorro nestes tempos de “nuvens” que guardam dados.
Estas mesmas nuvens que
guardam nossos segredos são as detentoras de nossa carência.
Soluções
Elas quase sempre vem à mim sem facilidade e muito menos
transparência, porque devo ter um emaranhado danado de minhocas na cabeça por
onde uma solução deve achar difícil passar. Resvalando por entre tantos
pensamentos, uns mais fugidios, outros bem objetivos e outros tantos reflexivos
e bem humorados, uma questão a ser resolvida, fica perdida.
Mas tenho dentro de mim, muito forte, o poder do sono e a
majestade da insônia que quando resolve me visitar é para me golpear na cabeça
a saída milagrosa da empreitada truncada.
Então você estava aí , parada, e não se fez anunciar. Queria
mesmo que eu rodasse quilômetros de pensamentos e conjeturas me abanando com
mil razões para lá e cá, sem encontrar você.
E agora num piscar de olhos, simples assim, após um sono,
acordo com o assunto resolvido.
Caminhos que seguem dia
e noite nos acompanhando sem sequer sabermos deles ao nosso lado.
Duas lágrimas
O dia chora mansinho se unindo a tantas e tantas outras vertentes cristalinas que brotam de olhos de todos os matizes sempre mantendo a au...

-
A traição impera de certa maneira no nosso dia começando pelo tempo que prometeu ficar de céu azul e se vendeu aos ventos e chuvas, desa...
-
Na primeira vez me chamou a atenção um pé de sapato solitário perdido na beira do mar. Era de homem, e devia estar no fundo do oceano al...
-
Descobri que estou sempre de malas prontas, não importando a viagem. Ao meu alcance, a bolsa do dia a dia que carrega em si as esperanças...