domingo, 12 de setembro de 2010

Alfarrábios


Decidi fazer uma faxina em papéis. Eu recomendo a atividade para quem deseja sair do ar, voltar a ser bem jovem, ter com vida todos os seus queridos e todos – ou todo – amor recebido em dose dupla.

Rever aquele bilhetinho do filho, ainda criança, dizendo – e escrevendo - que te ama mais que tudo no mundo e toda esta declaração bem exposta em letras e desenhos multicoloridos.

Minhas lembranças já estão amareladas e algumas rôtas de traças e de cor esmaecida.

Mas voltaram a ter vida própria quando lhes tirei o pó, lhe pus os olhos e sorriso, com alguma lágrima beirando por ali.

E então me deparei com poesias e textos que escrevi em 1980.

Não lembrava de tê-las escrito. Nem de ter sofrido tanto.

DANY
Nada.
Nada significa
Nada merece
Nada vale
Nada tem
Nada quero
Nada preciso
Queria....
Teu corpo
Tua imagem
Teu sorriso
Tua vida, meu filho.

DIA SETE

O dia sete é um dia pardo e quente.
Tem céu azul mas também tem cor de sangue, cheiro de asfalto, gosto de desespero e salgado de lágrimas.

A lágrima é translúcida e o mundo não acaba atrás dela.
Acho que Deus fez as lágrimas tão transparentes para que os desesperados vejam esperança, amor e vida por detrás delas.

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