domingo, 22 de agosto de 2010

Passeio da graça


Passadas leves, olhos atentos e mente em ritmo retrógrado fazem das sextas feiras a delicia do andar sem compromisso. As calçadas preferidas são as do bairro mais charmoso e afável da cidade.

Muita coisa para se ver com longos olhares de quem tem preguiça de movimentar-se, porque, com certeza, vamos perder alguma coisa, ou tudo, de bom. A regra é flutuar por entre as tantas novidades, do jeito que a vida é.

Nunca tenho pressa nesta voltinha que me leva a recantos que se abrem para a calçada, em convite imperdível para circular em coloridos que se entrelaçam combinando e descombinando ruas e passeios.

Enfeitiçada pelo tapete vermelho, já na entrada fico grandona e elegante, de frente ao espelho que surge nem sei bem de onde, que me reflete e seduz me aproximando da experiência de sentir-me única, percebendo que esta é a abertura e que é ela mesma quem fará toda a diferença, nesta hora.

Na vitrine, texturas se movimentam em cores e vestem mulheres que parecem saltar em direção ao caminho. Chamada geral e atenção redobrada pois um mundo novo foi criado, para moldar todas as cinturas, alongar algumas pernas encurtando outras, expor e esconder os vários colos valorizando todos os estilos numa sutil sugestão de que é chegada a hora de um comportamento diferente se instalar.

Os modelos em seda, lãs e linhos de muitas tonalidades se enfileiram e aguardam que lhe venham dar vida com a simples intenção de traçar uma história de movimento, de singelas perambulagens, de ares e clima.Deve ser este o arrebatamento do Passeio da Graça.

Vestir-se e ir às ruas, encantar-se e encantar.

Nenhum comentário:

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...