quinta-feira, 3 de junho de 2010

Governanta


Pensei em ter uma governanta. Daquelas.

Vida subjugada.

Que ao meu suspirar já vem com a chávena de chá, que anda de mansinho em minha sombra adivinhando meus pensamentos e solícita pergunta, sem que eu queira lhe ouvir a voz, quais meus desejos.

Imagine levantar deslizando da cama como se leve seda fosse deixando para trás roupagens revoltas e acomodar-se em mesa posta com rico alimento previamente combinado para minha melhor saúde.

Imagine que com apenas uma dica sem grande alarde, você dá o tom do seu humor para o dia e sugere quais roupas irão te cobrir.

Imagine que lá vem o sapato combinando e a bolsa. Também tudo transferido para esta bagagem da hora.

Imagine que agora todos os cremes estão com a tampa descoberta e corretos na fileira de um primeiro e depois o outro. A mesma coisa com os shampoos que vais decidir usar hoje, a maquiagem e a fivela no cabelo.

Tudo vem automaticamente.

Acho que eu ficaria um pouco sem vida com esta rotina que poderá afetar minha liberdade de pensamentos.

Viver é acordar e ter por si os passos de quem está por conta própria.

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