quinta-feira, 3 de junho de 2010

Todos os minutos


Se eu tivesse todos os minutos de minha vida disponíveis para te ouvir, eu teria muitas palavras a mais em meus textos para brincar. Ousar nas letras originais, ensaiando uma conversa infinita.

De tanto ouvir.

Se eu tivesse todo este tempo agora e muito mais pela frente, certamente não me ateria em descobrir fonemas através de linhas que caem.

Se eu tivesse menos ligações interrompidas bruscamente deixando mudos teus lábios e meus ouvidos sem som, eu ficaria com mais ânimo para buscar escritos renovados.

Se eu tivesse chance de a qualquer momento te falar, eu comporia muitas letras desconexas, só para poder te ouvir dizer que não as entende.

Se eu tivesse, ao meu dispor, os minutos que colocamos fora sem dó e por nenhum motivo, tentaria juntá-los e formar uma hora. E de tantas em tantas horas a mais, nosso vocabulário se alongaria só com as conversas que somente eu e tu entendemos.

Se eu tivesse uma hora a mais no meu dia certamente eu ficaria em tua frente sem nada falar, ouvindo o bater do teu coração.

Um coração cheio de assunto.

Se eu tivesse duas horas de sobra, coladas na minha rotina, eu as reservaria para que uma noite se encompridasse.

Com todos os minutos.

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