Tudo tem um lado avesso. A vida, sentimentos,
amores, coisas. Mesmo que não possamos desdobrá-las. Deste lado adverso,
certamente não me vêm o que eu possa aproveitar. De pura má serventia não me
alimenta a alma, não me conduz ao meu melhor e não me favorece no agora.
Um lado contrário.
Eu vou abdicar destes movimentos antagônicos e deixar muitas,
ou todas as coisas, abandonadas, trocando de fluxo para que eu possa me mover
em outras aberturas. Aquela direção a qual vou sempre me encontrar e ficar por
perto, no entorno, considerando a perspectiva do outro. De leve. Eu vou
migrar para um lugar em que eu possa sonhar a esmo.
Há de ser por ali que ei de encontrar todas as respostas para
tantas perguntas que sequer foram feitas, sugestões jamais analisadas a luz do
amor, conversas não acontecidas e reais encontros com tantos desencontros.
Alma dobrada à mercê de
tantos ouvidos.
Não vou escutar ninguém, nem a mim mesma. Vou seguir em
frente, surda e ansiosa, sem considerar nada, sem ponderar qualquer conversa,
sem justificar meus sentimentos e sem esperar o que outros não têm para dar.
Arribar para a terra do nunca sem companhia. Um lugar só meu
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 20 de junho de 2010
Terra do nunca
domingo, 13 de junho de 2010
Beija flor
Com mil batidas por minuto o beija flor sobrevoa nossos
jardins encantando por sua ligeireza com beijos suaves em todas as flores.
Um coração tão pequeno e forte num animal de tal fragilidade faz pensar em
nossos corações partidos e repartidos, batendo fraco muitas vezes.
A vida do beija flor depende deste pulsar vibrante em
sobrevôos solos e os mortais errantes batem cabeça na razão para viver suas
emoções que de tão carregadas de considerações vão ficando para trás, atiradas
ao largo, porque impossível realizar trajetos livres e soltos por entre todos.
Quem vem atrás vai recolhendo cada frase mal dita jogada no caminho do
entendimento que nunca se cumpriu.
A vibração que se tem nas razões inócuas, muitas vezes fracas
não se fazendo entender de forma alguma. Corações grandes porém pequenos
demais para a emoção que vaga pela vida saltando ora para um lado ora para
outro, um pouco perdido de onde pousar. Animais humanos sem rumo que não tem em
si o instinto fatal da sobrevivência em qualquer circunstância.
Não se pode encontrar o amor quando em si mesmos não tivermos
a liberdade de deixar que ele nos tome conta de súbito. Como um beija
flor que chega em nosso jardim na mais bela flor. O nosso coração.
sábado, 5 de junho de 2010
Mico
Estou andando a esmo com este “mico” no ombro e
não consigo lembrar como ele veio aqui parar. É claro que alguém tocou em
frente um problema que era de sua alçada resolver.
E, tive eu que carregá-lo, uma vez que me considero uma
impulsiva incurável. Mandou, eu vou. Pediu, eu faço.
Será que veio do trabalho, enviado por alguém que não sabia
como se desvencilhar de um problema e soltou o seu mico ao ombro de outrem.
Pensando nas competências de cada um, sempre existem controvérsias e covardes
existem em todo lugar.
Pode ser um amigo que enredado em suas questões e talvez
solitário me enviou o “mico” para representar sua vergonha por haver abandonado
todas as suas relações fraternas. Com certeza pensou que meus ombros, que já
tanto suportaram não se importariam de carregar a questão alheia. O infeliz
pensou nesta redenção por não ter coragem de domar seus próprios micos.
Pensei melhor e quem sabe foi aquele cara das antigas que
mandou soltar um mico velho nos meus costados para me chamar a atenção, me
fazer voltar no tempo e pensar que tudo pode ser. Talvez ele tenha imaginado
que revolvendo a terra fértil da vida passada, o amor estaria ainda lá, intacto.
Mico do amor.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Todos os minutos
Se eu tivesse todos os minutos de minha vida disponíveis para te ouvir, eu
teria muitas palavras a mais em meus textos para brincar. Ousar nas letras
originais, ensaiando uma conversa infinita.
De tanto ouvir.
Se eu tivesse todo este tempo agora e muito mais pela frente, certamente não me
ateria em descobrir fonemas através de linhas que caem.
Se eu tivesse menos ligações interrompidas bruscamente deixando mudos teus
lábios e meus ouvidos sem som, eu ficaria com mais ânimo para buscar escritos
renovados.
Se eu tivesse chance de a qualquer momento te falar, eu comporia muitas letras
desconexas, só para poder te ouvir dizer que não as entende.
Se eu tivesse, ao meu dispor, os minutos que colocamos fora sem dó e por nenhum
motivo, tentaria juntá-los e formar uma hora. E de tantas em tantas horas a
mais, nosso vocabulário se alongaria só com as conversas que somente eu e tu
entendemos.
Se eu tivesse uma hora a mais no meu dia certamente eu ficaria em tua frente
sem nada falar, ouvindo o bater do teu coração.
Um coração cheio de assunto.
Se eu tivesse duas horas de sobra, coladas na minha rotina, eu as reservaria
para que uma noite se encompridasse.
Com todos os minutos.
Dia do amigo
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