sábado, 1 de maio de 2010

Abajur



Um abajur diz muito de si quando apagado e mais ainda quando inicia sua vida, aceso. Ilumina pouco o ambiente e quase sempre aquele pedacinho da casa. Sempre muito delicado, tem mil feitios.

Mas, a melhor feição dele é no escurecer em que sua luz se confunde com o crepúsculo e assim ele vai criando suas próprias sombras mescladas com as nuances do cair da noite. Uma luz que termina em outra, tímida, cautelosa, uma penumbra que vem avisar que é chegada a hora de se aquietar. Uma cruzada para o sossego.

Assim sou eu quando em luz baixa. Minha mente fica pouco esclarecida e jaz quieta atirada em um canto qualquer. Esmaecem minhas idéias e até parece que se foram para sempre.

O fulgor da vida é assim. Às vezes se afina em tons etéreos, quase transparentes ficando nebuloso o juízo. De tanto ir e vir no meu louco pensar desprender-se do farol interior é necessário.

Do tom sombrio mas profícuo da solidão se refletem ponderações para a próxima ocasião.

Sossegue.

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