Quando a tecnologia falha e me deixa, como uma
inválida fosse, fora do ar, sem conexão com o mundo e com meus projetos.
Quando ela me derruba precisamente quando eu mais preciso.
Quando ela me joga ao chão como se eu fosse um ser sem
serventia.
Quando ela me faz de boba a encarar olhares incrédulos e
irônicos como se eu nada valesse, então penso no passado, por incrível que
pareça. Pois é.
Linkados no rabicho de nossos instrumentos atuais de trabalho
nos arrastamos pela via láctea - só pode ser – no infinito onde as correntes
fluorescentes do limbo são o que nos traz à terra. Tudo voa por cima da nossa
cabeça, e ao olharmos para os ventos no céu, não conseguimos enxergar quem nos
aprisiona com tanta propriedade e inteligência.
Não tem poesia nem romance nesta cruzada de fios invisíveis
conectados com o impossível. De tão complicado que é, só sabemos que somos
reféns. E que sem as máquinas poderosas e céleres que vão aonde vamos, somos
ninharia.
E então
o passado vem me provocar.
Em que um dia tinha exatamente 24 horas e as primeiras doze
horas, pareciam ser um tempo de inúmeras tarefas a cumprir, todas elas com
prazo longo para serem executadas e o dia se arrastava lindamente. Não era
necessário correr e nada nos deixava na mão, porque tudo estava na mão. Era só
trocar uma pilha, repor a fita, trocar a lâmpada, consertar o aparelho.
Nossos passos eram mais comedidos, aproveitando a travessia.
Nossos pensamentos eram ordenados com simplicidade de quem tem uma vida inteira
para viver. Nossa fome de tudo era moderada. Não lotava nossos estômagos nem
nossa mente com excessos. Tudo slim. Já naquele tempo sabíamos precisamente o
que significava “slim” - muito antes de chegarmos no agora.
Tempos mais enxutos de tanta coisa a se pensar. Mais magros
de alimentos. Mais romances e amores a dar chance. Tempos de poder pensar em
refazer tudo ou muito. Na velocidade da luz, não temos mais tempo.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 2 de maio de 2010
Tempos tecnológicos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Dia do amigo
Encontros acontecem a todo instante cruzando nosso caminho, pulverizando a atmosfera que nos envolve com um delicado lampejo divino e entr...

-
A traição impera de certa maneira no nosso dia começando pelo tempo que prometeu ficar de céu azul e se vendeu aos ventos e chuvas, desa...
-
Na primeira vez me chamou a atenção um pé de sapato solitário perdido na beira do mar. Era de homem, e devia estar no fundo do oceano al...
-
Descobri que estou sempre de malas prontas, não importando a viagem. Ao meu alcance, a bolsa do dia a dia que carrega em si as esperanças...
Um comentário:
Verinha ,
Adorei toda a super safra.
Cada vez melhor, como sempre.
Rabicho do Céu ? de onde veio
isso ? bj
Postar um comentário