sábado, 14 de novembro de 2009

A catadora



A moça analfabeta tinha 15 anos, magrela, vivia de catar tudo para se manter viva. A si e ao filho.

Ao contrário do que se possa imaginar o tóxico se transforma em um espírito iluminado caridoso e inteligente. Com uma filosofia cadenciada através de juntar pedaços jogados fora vai seguindo para os seus melhores momentos.

E a vida vai neste ritmo, de sol a sol, com o único objetivo de, com o entulho, viver. E o sustento duvidoso fortaleceu o corpo e a mente.

Indomável.

Eterna.

Definitiva.

Inteligente, mais do que tudo, prega sua filosofia de vida advinda da penúria pura e simples, que ninguém tem, nem estudando.

Emergindo do refugo, a alma se aprimora e se manifesta solidária. A sensibilidade aflora e a todos a quem ama são benditos se merecerem estar bem perto do seu coração.

A moça, agora uma mulher feita, cata alegorias e flores, bons sóis e ventos calmos e redistribui seu amor às criaturas que a fazem se sentir viva e amada.

A catadora de refugo se transforma em catadora de vida...

Que adoravelmente, distribui.....

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