domingo, 8 de novembro de 2009

Permanência


Companhia faz falta. Estamos sempre buscando alguém para falar, conversar, trocar uma idéia para gastar a língua e dar ritmo na garganta. Rotinas apequenadas tocam a vida e as presenças diárias vão se alinhavando junto com a gente.

Esse é o day by day das almas penadas que sentem falta de si com os outros e dos outros em si. Às vezes o cérebro fica fora desta parada, porque, ora veja, os parceiros da conversa são agilmente acionados e o vai e vem do conteúdo, quase que se sabe de cor.

Mas sempre temos um alguém especial que não faz parte da faina cerebral dos sonhos ou dos desavisos inesperados da vida. Este amigo não se encontra por perto, porém, está suavemente perto do coração, calmo e dizendo: aqui estou, pertinho. No bate estaca da memória. A posição clássica de quem encosta o ombro, cruza uma perna atrás, sorri, e se faz presente.

O arrimo da permanência.

A saudade dói, encurta o estômago e alonga as pestanas rumo ao infinito tentando enxergar o permanente ouvidor, sem, no entanto, tê-lo ao alcance.

Então ocorre a conversa “online” de alma para alma, desabando conteúdos revelados pela senha secreta dos espíritos que se combinam.

A impermanência some e o amigo se faz presente.

Já intuis suas suposições.

Te ouve pacientemente sorrindo de canto.

Já sorris no riso dele.

Te mistura nos relatos, como lhe é peculiar.

Já dizes uma asneira em cima da outra.

Te confessa pecados inconfessáveis.

Já te arrependes de ter sido loquaz.

Te debocha sutilmente a algazarra.

Felizes no encontro de pensamento os assuntos saltitam, surpreendentes uns, outros menos. O inconfessável corre solto, o sutil fica banal e temas polêmicos viram piada.

O prazer incontido da permanência do amigo de alhures.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi,
Gostei muito da maneira como escreves,tuas cronicas adorei,farei mais visitasJá fiz propaganda,bjs.
Dunga

Anônimo disse...

Inspirações são sempre bem vindas...mesmo sem elas vc é ótima nisso Verinha.


Beijos


Rose Pinheiro

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