sábado, 24 de outubro de 2009

Porque hoje é sábado




Parece que a natureza previu meu estado de alma neste sábado, e, enfurecida e solidária, fechou os céus de negras nuvens e derramou, por mim, todas as lágrimas.

Meus olhos, secos e atônitos, assistem a tormenta tão gentilmente tomada de mim, pelo clima.

Esvazio meu estar através da natureza que nos últimos sábados foi tão generosa com sol morno, nuvens brancas e céu azul anil dirigindo meu caminho. Seja ele para que lado vá. Se para o fim, se para o começo.

Se para o fim me dirigi, deve estar lá a minha sina. Mas, tenho pra mim que o fim é sempre um começo.

E inicio, novamente, um caminhar. Mais um, apenas.

sábado, 17 de outubro de 2009

Levantei o nariz




Levantei o nariz e fui espiar a rua. É sábado. O mundo ainda está aí, pensei. Difícil acreditar que tudo anda mesmo que você pare. As cores estão mais desmaiadas ou são meus olhos desviados do momento que olham e não vêem?

Nos últimos tempos tenho apenas olhado com o coração, portanto, o colorido é mais intenso e as imagens são exacerbadas. As decisões também, todas no pulso da paixão. Descomedida correria de ponta a ponta, um pouco sem saber pra onde ir, mas tendo a certeza do objetivo.

Interessante a experiência de sair fora de si e enfrentar a perspectiva de uma oportunidade diferente. Estas provas nunca são coerentes mas te dão a dimensão da tua capacidade de resistência frente a vida. Mudar o rumo e seguir por um colorido caminho ditado pelo coração não parece provável aos olhos de ninguém. E, realmente, não o é.

Eu tenho a convicção de que temos em nossas mãos os melhores rumos e escolhas para seguir. Como num roteiro turístico em que cuidadosamente vamos traçando, em mapa, as trilhas e locais mais lindos para percorrer.

Quando se toma o rumo do coração é assim que acontece. A melhor passagem será a que vamos percorrer sem sobressaltos, apenas acompanhados da certeza do que está por vir. E a alegria nos faz paciente companhia.

Teremos todos os sábados enfeitados de sol e temperatura amena com paisagens de céu azul e montanhas a nos acompanhar. A rotina da folga vem entremeada de deliciosas esperas e sustos incontidos. Saborear os minutos, um a um, faz parte de se ter a vida e o destino nas mãos.

E então, o coração se recusa a seguir delirando. Não se sabe direito porque motivo, mas, resolve que não é assim que se vive. E passa o poder à visão dos olhos, que, estes sim, enxergam com os pés no chão.
Neste momento, desistimos do coração. Mas não da vida.


sábado, 3 de outubro de 2009

Café Atlântida


Não há ventos calorentos no voal de seda que descortina o entorno do Café Atlântida, nem a diáfana de pessoas, iniciando o dia de trabalho, sabedoras do alegre estar que irá se desenvolver por ali.

O lugar, criado com cuidadoso requinte praiano está em sofrimento pela ausência da massa carinhosa que dá vida ao ambiente. Uma vida para poucos. Uma existência que morre no inverno para renascer no verão.

As madeiras que fazem parte da construção rangem lamentosas ao sabor do vento agora constante, de primavera. Já sentem o tempo sobre si e se indagam se está longe o momento de serem acarinhadas por olhos e harmoniosos corpos de verão.

A vegetação já dá sinais, brotando suas sementes com a certeza de dar vida ao lugar ao florescerem. Vitaminadas, enfrentam as chuvas e a atmosfera enlouquecida da mudança de estação para se tornar uma flor, um arbusto ou uma copa de árvore que amavelmente fornecerá sombra aos freqüentadores.

As mesas e cadeiras espanam sua poeira e se organizam ficando todas na maior compostura. Igualmente todos os móveis entram no clima.

O microfone, propagador dos tons musicais que alimentam as festas do Café Atlântida, se empina soberbo na espera do Claus&Vanessa e de tantos outros que espalham seus trinados por ali.

A calçada entremeada de inços aguarda as passadas ligeiras de jovens e nem tanto, solapando seus espaços e arrasando com a erva daninha, dando sobrevida ao passeio.

Esperamos todos, com o coração na mão, pela estação em que tudo é esquecido. O verão sempre é tempo de renovar, de se alegrar, de olhar para o horizonte e vislumbrar o novo.
Inspirar ventos quentes expirando o frio da alma.


Duas lágrimas

  O dia chora mansinho se unindo a tantas e tantas outras vertentes cristalinas que brotam de olhos de todos os matizes sempre mantendo a au...