terça-feira, 27 de outubro de 2009

A vida no brete


Os corredores da vida são tão variáveis quanto nosso pensamento que saltita na modernidade todo o dia. Tudo nos arremete.

As trilhas diversas que se desfilam tem muito a ver com o olhar interno de cada um frente ao real da vida. Caminhos florescem na nossa mente despreocupada e alegre. E alamedas escuras se enrolam nas nossas almas se nosso ânimo as chama para si.

Os acessos se sucedem dia a dia, sem prestarmos tanta atenção a elas. Olhar preso no chão, desviando da tristeza, enveredando para o futuro incerto, mas com certeza melhor.

Seguindo entre caminhos antigos vamos renovando os próximos como uma lavagem de calçada que joga na sarjeta os galhos secos, as folhas e flores mortas.

E me vem a mente que os caminhos escolhidos são como bretes o qual reunimos convicções, filosofias, afetos e os confinamos no molde.

Pronto, a vida organizada no curral e na tendência.

O imprevisto das almas encurraladas não tem espaço porque a vida que rola não poderá acontecer no programado.

Mas a vida no entorno do brete continua célere, alegre e produtiva.

Pensamentos viscerais derrubam teorias, criam novas posturas e te jogam pra cima.

sábado, 24 de outubro de 2009

Porque hoje é sábado




Parece que a natureza previu meu estado de alma neste sábado, e, enfurecida e solidária, fechou os céus de negras nuvens e derramou, por mim, todas as lágrimas.

Meus olhos, secos e atônitos, assistem a tormenta tão gentilmente tomada de mim, pelo clima.

Esvazio meu estar através da natureza que nos últimos sábados foi tão generosa com sol morno, nuvens brancas e céu azul anil dirigindo meu caminho. Seja ele para que lado vá. Se para o fim, se para o começo.

Se para o fim me dirigi, deve estar lá a minha sina. Mas, tenho pra mim que o fim é sempre um começo.

E inicio, novamente, um caminhar. Mais um, apenas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Chega de café de chaleira



Acho que o termo “chega de café de chaleira” significa que BASTA de enrolar, de ter trabalho, de rodear, de não chegar ao ponto.

Não tem outra explicação. Imagine que ao invés de utilizar as traquitanas tecnológicas convencionais para poder render um bom café, deva-se debruçar na antológica preparação do esquenta - ferve - separa - e bebe. E queima os beiços.

Então, fuja do “café de chaleira” e vai andando sem olhar para os lados.

Muito menos para trás.

Temos todos os dias que decidir tudo, de tudo, pra tudo..

Então, dizer BASTA desopila o fígado, porquê:

Te livra dos chatos, no mínimo

Emagrece, quando a comida é excesso

Desentoxica, quando a parada é bebida

Relaxa, quando o trabalho tonteia

Te coloca nos saltos quando estás mais pra baixo que pra cima

Põe a correr quem não te merece

Te rende a conversa porque o basta já entra na frente

Te mobiliza para o novo

Te resulta em leveza de espírito se os algozes que teimam em te rodear são pesados demais

Te lava a alma do desaforo

Te deixa forte na adversidade

Te faz sorrir mais e melhor, sempre

Te ilumina a feição por não ter o desagrado pela frente

Joga fora os excessos da vida

O Basta te coloca "nas patas de trás"

sábado, 17 de outubro de 2009

Levantei o nariz


Levantei o nariz e fui espiar a rua. É sábado.

O mundo ainda está aí, pensei. Difícil acreditar que tudo anda mesmo que você pare. As cores estão mais desmaiadas ou são meus olhos desviados do momento que olham e não vêem?

Nos últimos tempos tenho apenas olhado com o coração, portanto, o colorido é mais intenso e as imagens são exacerbadas. As decisões também, todas no pulso da paixão. Descomedida correria de ponta a ponta, um pouco sem saber pra onde ir, mas tendo a certeza do objetivo.

Interessante a experiência de sair fora de si e enfrentar a perspectiva de uma oportunidade diferente. Estas provas nunca são coerentes mas te dão a dimensão da tua capacidade de resistência frente a vida.

Mudar o rumo e seguir por um colorido caminho ditado pelo coração não parece provável aos olhos de ninguém. E, realmente, não o é.

Eu tenho a convicção de que temos em nossas mãos os melhores rumos e escolhas para seguir. Como num roteiro turístico em que cuidadosamente vamos traçando, em mapa, as trilhas e locais mais lindos para percorrer.

Quando se toma o rumo do coração é assim que acontece. A melhor passagem será a que vamos percorrer sem sobressaltos, apenas acompanhados da certeza do que está por vir. E a alegria nos faz paciente companhia.

Teremos todos os sábados enfeitados de sol e temperatura amena com paisagens de céu azul e montanhas a nos acompanhar. A rotina da folga vem entremeada de deliciosas esperas e sustos incontidos. Saborear os minutos, um a um, faz parte de se ter a vida e o destino nas mãos.

E então, o coração se recusa a seguir delirando. Não se sabe direito porque motivo, mas, resolve que não é assim que se vive. E passa o poder à visão dos olhos, que, estes sim, enxergam com os pés no chão.

Neste momento, desistimos do coração. Mas não da vida.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Quem avança e quem recua



Estamos em constante dança de tarefas e cada uma tem seu ritmo. Nossa comunicação diária com todos é aquele avança recua para se chegar finalmente a uma conclusão.

Todas as negociações estão nos pés do baile e o jogo do vai e vem, rola solto, aguardando o próximo movimento.

Comunicar-se parece ser da maior simplicidade, afinal, a palavra aí está com seus múltiplos significados à disposição de toda sorte de situações a serem discutidas. Existe a parada “sem palavras” também. Pode ser pura surpresa pelo que te chegou aos ouvidos ou uma alegria incontida ao ouvir o referendo, que pode ser bom ou não.

E caminhamos assim, neste conversê e em todos os sentidos. Tem sempre um que recua e o outro avança numa harmoniosa valsa. Ao avançar um, o outro se afasta no pensamento, recuando. Inquieto, calcula o próximo passo.

E no vai da valsa aparecem muitas ofertas. Algumas vêm soltas e alegres, outras blindadas de impossibilidades. Outras, ainda, são postadas com humor na primeira vista, impossíveis de aceitar no pensar de quem a oferece. As oportunidades de decisão estão listadas distraidamente como se não tivessem grande importância.

Na interlocução variam significados e o que é impossível para um, é essencial e definitivo para o outro.

E assim, a proposição vem de manso, sem risco calculado em meio a muitas outras que parecem zombeteiras, dando apenas colorido e graça na oferta.

Vida dura.

A mais impossível resposta vem com a paixão de quem avança e não recua.

sábado, 3 de outubro de 2009

Inspirando ventos quentes....



Não há ventos calorentos no voal de seda que descortina o entorno do Café Atlântida, nem a diáfana de pessoas, iniciando o dia de trabalho, sabedoras do alegre estar que irá se desenvolver por ali.

O lugar, criado com cuidadoso requinte praiano está em sofrimento pela ausência da massa carinhosa que dá vida ao ambiente. Uma vida para poucos. Uma existência que morre no inverno para renascer no verão.

As madeiras que fazem parte da construção rangem lamentosas ao sabor do vento agora constante, de primavera. Já sentem o tempo sobre si e se indagam se está longe o momento de serem acarinhadas por olhos e harmoniosos corpos de verão.

A vegetação já dá sinais, brotando suas sementes com a certeza de dar vida ao lugar ao florescerem. Vitaminadas, enfrentam as chuvas e a atmosfera enlouquecida da mudança de estação para se tornar uma flor, um arbusto ou uma copa de árvore que amavelmente fornecerá sombra aos freqüentadores.

As mesas e cadeiras espanam sua poeira e se organizam ficando todas na maior compostura. Igualmente todos os móveis entram no clima.

O microfone, propagador dos tons musicais que alimentam as festas do Café Atlântida, se empina soberbo na espera do Claus&Vanessa e de tantos outros que espalham seus trinados por ali.

A calçada entremeada de inços aguarda as passadas ligeiras de jovens e nem tanto, solapando seus espaços e arrasando com a erva daninha, dando sobrevida ao passeio.

Esperamos todos, com o coração na mão, pela estação em que tudo é esquecido. O verão sempre é tempo de renovar, de se alegrar, de olhar para o horizonte e vislumbrar o novo.

Inspirar ventos quentes expirando o frio da alma.

Gosto amargo

  Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoj...