Não há ventos calorentos no voal de seda que descortina o entorno do Café Atlântida, nem a diáfana de pessoas, iniciando o dia de trabalho, sabedoras do alegre estar que irá se desenvolver por ali.
O lugar, criado com cuidadoso requinte praiano está em sofrimento pela ausência
da massa carinhosa que dá vida ao ambiente. Uma vida para poucos. Uma
existência que morre no inverno para renascer no verão.
As madeiras que fazem parte da construção rangem lamentosas ao sabor do vento
agora constante, de primavera. Já sentem o tempo sobre si e se indagam se está
longe o momento de serem acarinhadas por olhos e harmoniosos corpos de verão.
A vegetação já dá sinais, brotando suas sementes com a certeza de dar vida ao
lugar ao florescerem. Vitaminadas, enfrentam as chuvas e a atmosfera
enlouquecida da mudança de estação para se tornar uma flor, um arbusto ou uma
copa de árvore que amavelmente fornecerá sombra aos freqüentadores.
As mesas e cadeiras espanam sua poeira e se organizam ficando todas na maior
compostura. Igualmente todos os móveis entram no clima.
O microfone, propagador dos tons musicais que alimentam as festas do Café
Atlântida, se empina soberbo na espera do Claus&Vanessa e
de tantos outros que espalham seus trinados por ali.
A calçada entremeada de inços aguarda as passadas ligeiras de jovens e nem
tanto, solapando seus espaços e arrasando com a erva daninha, dando sobrevida
ao passeio.
Esperamos todos, com o coração na mão, pela estação em que tudo é esquecido. O
verão sempre é tempo de renovar, de se alegrar, de olhar para o horizonte e vislumbrar
o novo.
Inspirar ventos quentes expirando o frio da alma.
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