sábado, 18 de julho de 2009

O telefonema


O celular não é mais um produto eletrônico. Ele é uma das nossas – muitas – entranhas. Ele faz parte do nosso cérebro, ousaria dizer. Está tão incluso nas masmorras da nossa mente que, inclusive, faz parte das nossas falas diárias sem que a gente perceba. Ao atender uma ligação quase, quase sempre, ocorre uma conversa inusitada que para explicar só mesmo um neurocientista, do futuro, é claro.

A mais célebre e surreal conversa é sempre da esposa ligando pro marido. Já presenciei várias delas e é de tirar o fôlego!!!!!!! Confiram a fala do marido, porque a da esposa..ahhhhhhhhhhhhhh, esta nem vou imaginar!

MARIDO atende o celular!
- Oi
- Hã?
- E aí?
- Porquê?
- Quando?
- Ta...

Bum! Se foi a ligação...Podem acreditar?

Aí, euzinha, coitada, inerte do lado do esposo da outra que acaba de encerrar uma conversa. Nossa, penso, à um esposo tem que se ter muita consideração, pois é artigo raro. Para quem gosta de raridades.

E como pensadora fico trocando orelha sobre este diálogo que durou 30 segundos e que pelo que me parece é de grande importância. Acho que é de supremo valor porque a mulher é quem manda. Manda ver do outro lado do neurôno capilar, chamado celular, e chama à chincha o esposo/amado para quaisquer perdições de compromissos e agenda familiar. Não tem porem.

E, por pior que possa parecer os telefonemas se sucedem quase que indefinidamente, num–oi? –hã?-mas porquê?– báh-to trabalhando – hummm-ta......

E o semblante do coitado se aperta, se esvai pro outro lado, tentando voltar o raciocínio ao agora e se desvincular da máquina eletrônica implantada em seu cérebro e na sua vida.

Eu, incansável na pesquisa das novas formas de comunicação via ar/atmosfera/sei lá, fico me perguntando onde esta senhora esposa estará locada. Talvez em casa, na cozinha pós-moderna ou em seu escritório residencial com aparatos eletrônicos dignos de inveja a qualquer home-office. Ou, certamente no escritório da empresa, não menos singular, de onde consegue monitorar as ondas de sua família e de seu trabalho.

Ondas da internet, nosso amigo e inimigo com certeza

3 comentários:

Anônimo disse...

Belas Crônicas, abraços,

Reinaldo Gabardo

Anônimo disse...

oi, vera.
Vc. está conseguindo se expressar e proporcionar sensações através da tuas crônicas. Eu gostei particularmente da aventura ciclistica. Não sei se por te acompanhar mas o fato é que vivencie o espírito bucólico e pachorrento da narrativa.
E a conversa com a a esposa pelo celular é bem assim........ rsrsrs. Muito perspicaz tua observação.

parabéns e continue treinando as pernas e as idéías. O resultado irá surpreender a todos, e principalmente a ti, que é muito mais capaz do que acredita ser.....

eduardo

Unknown disse...

Muito boa, Verinha, a história do telefonema....beijos

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